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Renovável e biodegradável

28 de outubro, 2015

Imagem: Carmen Tadini: objetivo é substituir aditivos químicos dos alimentos. Foto: Cecília Bastos

Cientistas desenvolvem embalagem para alimentos que, além de conservar o produto, evita o uso de aditivos químicos normalmente utilizados para aumentar o tempo de prateleira

Pesquisadores do Food Research Center (Forc) – Centro de Pesquisa em Alimentos –, com sede na USP, estão desenvolvendo filmes feitos de fontes renováveis para embalar alimentos. Os filmes são materiais finos, transparentes e maleáveis, com aparência de plástico, aos quais podem ser acrescentados aditivos, na tentativa de fazer com que a embalagem tenha outras funções além de proteger os alimentos. A professora Carmen Tadini, do Departamento de Engenharia Química da Escola Politécnica da USP, vem se dedicando ao desenvolvimento de um filme biopolimérico, com base de amido, com aditivos antifúngicos para embalar pão de forma.

“O objetivo é tentar substituir parcial ou totalmente os aditivos químicos que são hoje usados na massa e no momento do empacotamento dos pães, cuja função é postergar o crescimento de fungos e aumentar o tempo de prateleira”, diz Carmen. Segundo ela, hoje se usa o propionato de cálcio para inibir o crescimento de fungos. Para tanto, princípios ativos dos óleos essenciais de canela e de cravo, que têm efeito antimicrobiano contra microorganismos contaminantes, tais como o Penicillium commune e oEurotium amstelodami, foram testados com resultados promissores.

O material desenvolvido pelo Forc, o chamado amido termoplástico, já foi patenteado pela USP. Além de ter origem renovável, é biodegradável. Carmen explica que o amido de mandioca é um material barato e bastante disponível no Brasil, o que facilitaria, em tese, a incorporação da nova tecnologia pela indústria alimentícia quando ela estiver disponível, depois de testada em escala piloto.

Sem conservantes – “Testamos o termoplástico, já com os aditivos, para embalar pães sem nenhum conservante, feitos por nós, no Laboratório de Engenharia de Alimentos da Poli. Dois pães foram produzidos sem aditivos, um deles foi embalado com o nosso filme e o outro, com um plástico convencional. Observamos por uma semana e constatamos que o aparecimento de manchas de fungo demorou mais tempo no pão embalado com o nosso filme do que no pão embalado com o plástico convencional. Ou seja: no material básico formulado por nós, a partir do amido de mandioca, a adição dos princípios ativos de óleos de cravo e canela está funcionando”, destaca a professora.

De acordo com Carmen, o desafio agora é fazer esse processo ser viável industrialmente. “A indústria de embalagens é uma indústria de larga escala. Então, agora, precisamos viabilizar a produção em processo contínuo”, afirma a professora. Para isso, o Forc está buscando financiamento para a aquisição de um equipamento que permita a produção em escala piloto – ou seja, que obedeça a parâmetros de processo e produção iguais aos industriais. “Para que a tecnologia possa ser transferida para a indústria, calculamos que ainda sejam necessários mais três anos de pesquisa.”

O Forc tem ainda uma linha de pesquisa que trabalha com gelatina, em vez de amido, como material base para produção de embalagens. O responsável é o professor Paulo José do Amaral Sobral, diretor da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP.

AGÊNCIA USP DE NOTÍCIAS

Jornal da USP

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