Tenho pra mim que a gente só cuida daquilo que ama e só ama aquilo que conhece. A partir daí, entendo que se espero que meu filho se importe e cuide da natureza, preciso apresenta-lo à ela e à sua diversidade. O ideal seria fazermos expedições para os mais diversos lugares e vivenciar cada ecossistema, ficar frente a frente com seus animais… Como isso não é assim tão possível, foge um pouco da nossa realidade os livros têm sido nossos grandes aliados.
A dica que trago hoje é de um livro muito, muito especial da editora Cosac Naify: Bem Brasileirinhos. Ele faz parte de uma coleção deliciosa chamada Brasileirinhos. Composta por 5 títulos (Brasileirinhos, Novos Brasileirinhos, Mais Brasileirinhos, Bem Brasileirinhos e Bebês Brasileirinhos), a coleção traz lindas ilustrações de Laurabeatriz, curiosidades sobre cada espécie e um poema ritmado escrito por Lalau que apresentam de forma lúdica e graciosa animais ameaçados de extinção de nossa fauna.
Bem Brasileirinhos – poesia para os bichos mais especiais da nossa fauna, fala sobre 13 animais, de aves a insetos, de mamíferos a peixes:
– Águia Cinzenta,
– Besouro Serra-Pau,
– corujinha Caburé de Perbambuco,
– Corocoxó,
– Cuxiú de Nariz Branco,
– Guaiamum,
– Jaguatirica,
– Lagartixa de Areia,
– Mero,
– Pato-Mergulão,
– Tamanduá-Mirim,
– Tuco-Tuco e
– Urubu Rei.
Traz ainda um jogo da memória com 16 animais e “um cd com oito poemas musicados por Paulo Bira, e com participação de uma turma pra lá de competente: Zeca Baleiro, Ná Ozzetti, Alzira Espíndola, Sérgio Espíndola e Mário Manga.”
No site da editora ainda diz assim “A coleção Brasileirinhos é indicada para crianças alfabetizadas e preocupadas com a fauna brasileira.”. Venho eu a discordar – porque crianças alfabetizadas? Porque esperar que aprendam a ler/escrever para introduzí-las a este universo? Acredito que a boa relação com a leitura (e estendo aqui ao cuidado com a natureza) começa muito antes de sequer termos conhecimento consciente das letras. Pais, cuidadores, professores devem assumir o papel de “traduzir” as palavras grafadas e envolver os pequenos. Basta um pouquinho de vontade, criatividade e jogo de cintura.
Quando compramos o livro, C. tinha a recém completado 2 anos, o jogo da memória estava longe do seu desenvolvimento, então preparei a leitura de um jeito diferente: coloquei as cartas correspondentes a cada animal entre as páginas do livro, assim a cada página virada uma surpresa! Ele ganhava um animal e assim se aproximava ainda mais de cada um deles, ficava lá, manuseando as cartinhas e admirando todos os detalhes do bichinho. A leitura ia avançando e ele colecionando os animais. Ficava satisfeito com as mãos cheias de “bicho animal” como ele costuma dizer e a experiência se estendia por quase uma hora – acabávamos de ler e ficávamos ali, observando as cartas, nomeando os animais e falando sobre o que tínhamos aprendido.
A medida que foi crescendo, depois de acabar a leitura, introduzi as figuras duplicadas e fazíamos pareamento: organizávamos as cartas coletadas do livro na mesinha ou no sofá e eu, de posse de outra carta, mostrava para ele e perguntava “Onde está o Mero?”, ele observava, encontrava a figura correspondente e assim seguíamos.
Mais tarde começamos a ler com uma trena do lado, pois a maioria das descrições informa o tamanho dos animais e achei interessante concretizar, dimensionar, trazer para o 3D essa informação. O livro ganhou vida nova e C. achava o máximo conhecer os animais em números, saber que um besouro pode ser do tamanho de uma coruja e que um peixe pode ser quase do tamanho da nossa sala!
Atualmente, como nossa família está espalhada por aí, C. começou a se interessar pelas distâncias das coisas e passou a admirar mapas. Não deu outra: bora introduzir um mapa do Brasil à leitura para ver onde cada animal pode ser encontrado. Passamos também a incluir pesquisas mais aprofundadas sobre cada animal, buscando mais informações, imagens reais e vídeos onde podemos ouvir os sons de cada um deles, os lugares onde vivem e como se movimentam. Um dos videos que ele mais gosta de assistir é esse do Urubu-Rei, fica realmente impressionado assistindo!
Tem sido enriquecedor, EU tenho aprendido muito. Frutos já estão sendo colhidos: C. reconhece cada um dos animais, os chama pelo nome e aprendeu a amá-los (seus favoritos são o Urubu Rei, o peixe Mero e a corujinha “muito fofa” Caburé de Pernambuco). Dia desses, em uma reunião de família ele iniciou uma conversa sobre os animais, dizendo que tínhamos que cuidar deles, falou sobre seus preferidos e ainda declamou o Pato-Mergulhão com propriedade! Mamãe toda orgulhosa e satisfeita com objetivo mais do que alcançado, excedido, pois agora, além do meu filho mais 12 adultos passaram a conhecer um pouquinho sobre estes animais.
Uma coisa não mudou de lá pra cá: o entusiasmo com cada página virada e as gargalhadas quando declamo os poemas com entusiasmo! Nos divertimos muito! Espero que vocês se divirtam também 😉
Deixo aqui minha imensa gratidão à uma Bisa muito especial que vem incentivando o envolver do pequeno com os livros desde o nascimento. O primeiro livro foi ela quem deu e segue nos abastecendo deles até hoje “Tens comprado mais livros, Mariana?” ela me pergunta toda vez que nos falamos e completa “Pois então vai com ele na livraria, escolhe os que interessar e me avisa!”.
Hoje C. tem praticamente uma biblioteca (são mais de 170 títulos), grande parte graças à ela – o mais bonitinho é que ele conhece cada um deles, corrige a gente quando sem querer pula uma parte e não passa um dia sequer sem ler, pelo menos 5.
Alguns tem dedicatória, pois foram dados pessoalmente e ele se enche de orgulho em me ouvir ler o beijo e o “ler é muito bom!” que ela deixou ali. Se a contracapa mostra que o livro faz parte de uma coleção ele logo diz “Mamãe, vamos dizer pra Bisa Anna que tem mais esses, ó!”
Vó, obrigada, de coração, pelo teu amor e dedicação em formar um leitor apaixonado. Presente para vida toda! Nós te amamos <3
Onde encontrar
Tive dificuldade em encontrar a coleção esta semana nas livrarias “somente por encomenda”, me disseram, mas a loja virtual da editora disponibiliza os quatro títulos. Bem Brasileirinhos está a venda por R$39,00.
Na lista abaixo, coloco o link de lojas virtuais alternativas à editora, indicando a que apresentava menor preço até o momento de publicação deste artigo:
Brasileirinhos – de R$39,00 por R$21,54 na Amazon.com.br
Novos Brasileirinhos – de R$39,00 por R$25,50 na Livraria da Folha
Mais Brasileirinhos! – de R$39,00 por R$24,90 na Amazon.com.br e no Submarino
Bem Brasileirinhos – de R$39,00 por R$21,54 na Amazon.com.br
Bebês Brasileirinhos – de R$29,90 por R$23,40 na Livraria da Folha
Curiosidades sobre Brasileirinhos
A coleção Brasileirinhos surgiu de um exercício de observação. A ilustradora Laurabeatriz percebeu que as crianças não conheciam os animais em extinção de nossa própria fauna. Convidou, então, Lalau para escrever os poemas, assessorados pela ecologista Angela Leite.
O sucesso foi imediato. O livro foi adotado no programa PNLD e em diversas escolas do país. Veja as adoções:
Brasileirinhos
2001 – Rainha da Paz (SP), Palmares (SP)
2002 – Miguel de Cervantes (SP), Inovação (SP), Caminho aberto (SP), Magno (SP), Genesis (SP), Suiço Brasileira (SP)
2003 – Degrau (GO), Suiço Brasileira (SP), Objetivo (SP)
2004 – Magno (SP), Rio Branco (SP), Sion (SP)
Novos brasileirinhos
2002 – Rainha da Paz (2002), Magno
2004 – Sion (SP)
Mais brasileirinhos
2004 – Centro Ed Brandão (SP), Magno (SP)
Sobre os autores
Laurabeatriz é artista plástica e ilustradora. Carioca, vive em São Paulo, tem quatro filhos e duas cachorras especiais.
Lalau é poeta e publicitário. Paulista, tem um filho, gosta de ler, cozinhar, jogar futebol e escrever para crianças.
Os dois são parceiros em outros livros infantis. O volume de estréia da coleção, Brasileirinhos, lançado em 2001, recebeu o título de “Altamente Recomendável” na categoria poesia pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.
Declaração Universal dos Direitos dos Animais
Aprovada por Resolução da Unesco, de 27 de janeiro de 1978
Artigo 1o
Todos os animais nascem iguais perante a vida e têm os mesmos direitos à existência.
Artigo 2o
1. Todo animal tem o direito de ser respeitado.
2. O homem, como espécie animal, não pode exterminar os outros animais ou explorá-los violando esse direito; tem o dever de pôr os seus conhecimentos ao serviço dos animais.
3. Todo animal tem o direito à atenção, aos cuidados e à proteção do homem.
Artigo 3o
1. Nenhum animal será submetido nem a maus-tratos nem a atos cruéis.
2. Se for necessário matar um animal, ele deve ser morto instantaneamente, sem dor e de modo a não lhe provocar angústia.
Artigo 4o
1. Todo animal pertencente a uma espécie selvagem tem o direito de viver livremente no seu próprio ambiente natural, terrestre, aéreo ou aquático e tem o direito de se reproduzir.
2. Toda privação de liberdade, mesmo que tenha fins educativos, é contrária a esse direito.
Artigo 5o
1. Todo animal pertencente a uma espécie que viva tradicionalmente no meio ambiente do homem tem o direito de viver e de crescer ao ritmo e nas condições de vida e de liberdade que são próprias da sua espécie.
2. Toda modificação desse ritmo ou dessas condições que for imposta pelo homem com fins mercantis é contrária a esse direito.
Artigo 6o
1. Todo animal que o homem escolheu para seu companheiro tem direito a uma duração de vida conforme a sua longevidade natural.
2. O abandono de um animal é um ato cruel e degradante.
Artigo 7o
Todo animal de trabalho tem direito a uma limitação razoável de duração e de intensidade de trabalho, a uma alimentação reparadora e ao repouso.
Artigo 8o
1. A experimentação animal que implique sofrimento físico ou psicológico é incompatível com os direitos do animal, quer se trate de uma experiência médica, científica, comercial ou qualquer que seja a forma de experimentação.
2. As técnicas de substituição devem de ser utilizadas e desenvolvidas.
Artigo 9o
Quando o animal é criado para alimentação, ele deve ser alimentado, alojado, transportado e morto sem que disso resulte para ele nem ansiedade nem dor.
Artigo 10o
1. Nenhum animal deve ser explorado para divertimento do homem.
2. As exibições de animais e os espetáculos que utilizem animais são incompatíveis com a dignidade do animal.
Artigo 11o
Todo ato que implique a morte de um animal sem necessidade é um biocídio, isto é, um crime contra a vida.
Artigo 12o
1. Todo ato que implique a morte de um grande número de animais selvagens é um genocídio, isto é, um crime contra a espécie.
2. A poluição e a destruição do ambiente natural conduzem ao genocídio.
Artigo 13o
1. O animal morto deve ser tratado com respeito.
2. As cenas de violência de que os animais são vítimas devem ser interditadas no cinema e na televisão, salvo se elas tiverem por fim demonstrar um atentado aos direitos do animal.
Artigo 14o
1. Os organismos de proteção e de salvaguarda dos animais devem estar representados a nível governamental.
2. Os direitos do animal devem ser defendidos pela lei como os direitos do homem.
FONTES