A Polícia federal afirma que Samarco ampliou acima do limite anual a barragem do Fundão, que rompeu em Mariana (MG) no dia 6 de novembro do ano passado, provocando a maior tragédia ambiental do Brasil.
O despacho de indiciamento sob a acusação de crime ambiental da mineradora e de executivos da empresa mostra ainda que a leitura de equipamentos que medem o nível de água da represa estava com atraso de dez dias. Em quantidades acima do permitido pode provocar o colapso da estrutura.
De acordo com o jornal o Estado de São Paulo, além da mineradora, foram indiciados a Vale – controladora da Samarco -, o ex-presidente da empresa Ricardo Vescovi e outros seis executivos e técnicos da companhia, além da Vogbr Recursos Hídricos e Geotecnia.
Em depoimento, funcionários da Samarco afirmaram que o chamado alteamento anual da barragem chegaria a até 15 metros por ano. O alteamento é a elevação da contenção da represa para que seja possível a colocação de mais rejeito de minério de ferro. Conforme um estudo obtido pela PF, cujo título é Técnicas Para Disposição de Rejeitos de Barragem, para represas como a de Fundão, o alteamento não pode ultrapassar de 5 a 10 metros por ano.
Para os delegados, o envio de rejeitos de minério de ferro da mina da Vale, localizada em Mariana, para a barragem do Fundão também contribuiu para a tragédia. Segundo as investigações, havia “falta de controle da quantidade de rejeitos que eram despejados na barragem de Fundão pela Vale, diferença entre o declarado primeiramente e o que foi constatado posteriormente, diferença entre o declarado pelas empresas Vale e Samarco e a quantidade real de rejeitos de lama despejados na barragem de Fundão”.
Além disso, conforme os delegados, não foi repassada a “informação de que rejeitos da Vale eram despejados na barragem de Fundão para os técnicos que iriam fazer a declaração de estabilidade (da represa)”.
Fonte: Diário do Poder