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Plástico: reciclável na teoria, poluição na prática

13 de setembro, 2021

É reconfortante saber que aquele frasco plástico de shampoo que você acabou de usar é reciclável e pode se transformar em uma embalagem novinha, não é mesmo? É por isso que os fabricantes fazem questão de imprimir o famoso símbolo da reciclagem no rótulo, aumentando as chances de que um produto seja adquirido.

O que os fabricantes não imprimem no rótulo é o percentual real de embalagens que realmente são recicladas. As estimativas sobre isso variam no Brasil.

 

A mais otimista, realizada pelos próprios fabricantes de plástico no país, indica que foi de 24% em 2019, último ano com dados consolidados, mas vem crescendo.

Já no relatório do Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês) esse índice de reciclagem é de 1,2%. Segundo a organização,

 

o Brasil é o quarto maior produtor de plástico do mundo e um dos que menos recicla, atrás de Iêmen e Síria.

Muitos fatores contribuem para que o plástico seja um material de difícil reciclagem. Em parte, o problema é causado pela ausência de coleta seletiva e política de reciclagem na maioria dos municípios do país. Mas não é só isso. Em todo o mundo, a reciclagem de materiais plásticos é problemática.

Reciclagem cara

A única solução ambiental disponível hoje para lidar com materiais plásticos de difícil reciclagem é evitar sua compra. Nesse grupo, o isopor é destaque. Embora o isopor seja reciclável, o custo desse processo faz com que a reciclagem desse material seja praticamente inexistente em todo o mundo.

Caixas de leite, de creme de leite, de suco e etc também são materiais de difícil reciclagem. Isso porque elas misturam materiais diferentes – papelão recoberto por uma fina camada de plástico e revestido de alumínio.

 

Para separar o papel do plástico e do metal e reciclar os três, é necessário maquinário específico e mão-de-obra treinada. Para se ter uma ideia, em todo o país, há apenas 20 usinas capacitadas para fazer esse tipo de reciclagem, segundo a associação Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE).

Aquele plástico fininho usado nas embalagens de salgadinho e biscoitos também não costuma ser reciclado, tanto pela dificuldade técnica como pelo baixo valor final dessa matéria-prima após a reciclagem.

Mais plástico

Como os fabricantes continuam fazendo plástico virgem – como é chamado o plástico novinho em folha – o plástico reciclável não consegue competir para ser a matéria-prima principal dos produtos que compramos. E essa realidade pode piorar.

 

O plástico comum presente na maior parte dos produtos é derivado do petróleo. As metas climáticas para frear o aquecimento global dependem de um consumo cada vez menor de combustível fóssil, com os carros elétricos substituindo pouco a pouco a frota dos veículos à combustão.

 

Esse fator aliado à adoção de hábitos mais sustentáveis, deixará as petroleiras sem ter o que fazer com o petróleo que extrai. A única aposta delas para sobreviver é aumentar a fabricação de plástico – o que automaticamente desestimula a reciclagem.

Livre de plástico

O poder público precisa criar políticas para restringir a produção de plástico virgem e para estimular o uso do plástico reciclável como matéria-prima industrial.

O que fazer até lá?

Abandone o uso de produtos de plástico de uso único, como pazinhas de sorvete, canudos e cotonetes. Já há opções de papel e madeira para esses itens disponíveis no mercado.
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