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IPCC expõe condição ambiental deteriorada do planeta, mas ainda há esperança

11 de agosto, 2021

Imagem – Twitter do IPCC

O relatório apresentado, pelo IPCC, ao mundo sobre os impactos da mudança climática, colocou o dedo na ferida aberta e expôs como somos frágeis dentro dessa perspectiva de caos ambiental.

“É inequívoco que os seres humanos esquentaram o planeta e mudanças climáticas rápidas e disseminadas vêm acontecendo”. É com essa frase que um comitê de 800 cientistas do mundo inteiro bate o último prego no caixão do negacionismo ao apresentar o alerta mais completo e poderoso até agora sobre as causas, os efeitos atuais e futuros e o caminho possível para limitar a crise do clima.

O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) apresentou nesta segunda-feira (9) o sumário executivo da primeira parte de seu Sexto Relatório de Avaliação (AR6). O documento de 41 páginas, destinado à leitura por tomadores de decisão, é uma síntese do relatório de centenas de páginas contendo a revisão de todo o conhecimento científico sobre a base física das mudanças do clima. No ano que vem, ele será seguido de mais dois volumes, um sobre impactos e vulnerabilidades e outro sobre as formas e os custos de atacar os causadores da crise – os gases de efeito estufa.

Uma das maiores novidade do AR6 em relação aos relatórios anteriores do IPCC é que, pela primeira vez, a ciência não apenas tem certeza da influência humana, como conseguiu quantificá-la: desde a era pré-industrial, o mundo esquentou 1,09oC, e desse total apenas 0,02oC podem ser atribuídos a causas naturais. A fatia do leão do aquecimento global, 1,07oC, é provavelmente de responsabilidade das atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento, que emitem gases de efeito estufa.

Os efeitos disso?

Incêndios na Grécia e Turquia, incêndios florestais na Sibéria (!), calor intenso no Canadá,  inundações catastróficas na Europa Central, chuva torrencial na China, uma onda de frio polar causada por alterações na circulação do ar antártico no Brasil, crise hídrica e pior seca no Centro-Sul em 91 anos,.

O IPCC confirma essas tendências ao mostrar que ondas de calor estão mais frequentes – inclusive as marinhas, que arrebentam recifes de coral da Bahia à Austrália –, as chuvas intensas aumentaram, a proporção de furacões intensos idem, e cada uma das últimas quatro décadas foi mais quente que todas as antecessoras desde 1850, quando as medições com termômetros tiveram início.

E, claro, vai piorar. Em outra conclusão chocante, o painel constatou que na próxima década, o que quer que nós façamos para cortar emissões, a temperatura global ultrapassará 1,5oC, limite mais ambicioso do Acordo de Paris e a partir do qual entramos em mares climáticos nunca dantes navegados (mas certamente revoltos). Se conseguirmos implementar o acordo do clima, teremos chance de devolver o termômetro ao mais palatável 1,4oC entre 2081 e 2100.

Mesmo com a estabilização em 1,5oC, adverte o AR6, o mundo ainda precisa se preparar para “eventos extremos sem precedentes” no registro histórico. Daí o relatório também ter inovado e feito cenários regionais e de mais curto prazo, para o meio do século, para orientar políticas de adaptação que os governos teriam de ter começado ontem a adotar em grande escala.

Há péssimas notícias para o Brasil: o Nordeste já é hoje uma das regiões do planeta onde é mais clara a influência do aquecimento global em secas que afetam a ecologia e a agricultura (alô, plantadores de soja da Bahia, do Piauí e do Maranhão) e o oeste da região Centro-Oeste e sul da Amazônia serão uma das mais afetadas por extremos de calor nas próximas décadas.

“Esse relatório precisa ser o sino da morte para o carvão mineral e os combustíveis fósseis, antes que eles destruam nosso planeta”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres. “É um código vermelho para a humanidade. Os sinais de alerta são ensurdecedores e a evidência é irrefutável; as emissões de combustíveis fósseis e desmatamento estão sufocando nosso planeta e colocando bilhões de pessoas em risco imediato”.

O relatório do IPCC foi revisado e aprovado por 196 governos do mundo inteiro.

O Observatório do Clima produziu um resumo comentado em português do sumário do IPCC. Acesse aqui.

Relatório completo – Os treze capítulos do relatório do Grupo de Trabalho I fornecem uma avaliação das evidências atuais sobre a ciência física das mudanças climáticas, a avaliação do conhecimento obtido a partir de observações, reanálises, arquivos de paleoclima e simulações de modelos climáticos, bem como processos climáticos físicos, químicos e biológicos. clique aqui

Via Organic News Brasil

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