31 de julho, 2015
Já pensou em abastecer o seu carro com um combustível feito do mel de abelha. O apicultor brasileiro Luiz Jordans Ramalho Alves, de Vitória da Conquista (Bahia), decidiu dar uma utilidade para o mel que era descartado da fábrica por não passar pelo controle de qualidade. Desde 2011, ele estuda uma forma de zerar o desperdício, já que mensalmente 1% da produção total de 10 toneladas de mel é descartada.
A descoberta do apicultor é o desdobramento de uma pesquisa que tinha por finalidade o melhor aproveitamento do mel de descarte para produção de álcool alimentício (ou nobre), usado para fazer cachaça ou aguardente de mel, realizada com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb).
Todo o processo químico é realizado num pequeno laboratório. Primeiro, o mel descartado entra em fermentação num tanque de 250 litros, que pode durar de cinco a 15 dias. Após isso, ocorre a primeira destilação do álcool, por um período de 24 horas. Dessa primeira destilação é retirado o álcool alimentar e a sobra (30%) vai para a produção do álcool combustível, numa segunda destilação.
Mas a descoberta do álcool combustível, contudo, só ocorreu há cerca de um mês. É que as pesquisas ainda não tinham indicado o que fazer com os 30% de álcool que sobrava no final da primeira destilação.
Insistente no desejo de aproveitar 100% de todo o descarte do mel, o apicultor avançou nas pesquisas por conta própria e com o auxílio de um laboratório de Salvador avaliou que o produto tinha características semelhantes ao etanol utilizado no funcionamento de veículos.
Foi neste momento que o apicultor resolveu testar o uso do álcool de mel no próprio carro e teve êxito. Contudo, Luis Jordans ressalta que o produto não passou por teste mecânico em laboratório:
– Foi um teste empírico que fiz no meu carro – explica.
O resultado foi satisfatório: segundo o apicultor, o rendimento do combustível fica um pouco abaixo do etanol e da gasolina. Por enquanto, apenas os veículos da empresa utilizam o álcool do mel. Esta inovação não apenas proporciona economia para a empresa, que consegue utilizar todos os seus recursos, como dá um exemplo de sustentabilidade.
Por enquanto, o álcool de mel só está sendo usado nos veículos da empresa. Apesar de estar bastante satisfeito com os resultados, o apicultor afirma que não tem a intenção de comercializar o produto. A intenção é, no futuro, patentear o uso do combustível de mel em veículos, já que as pesquisas sobre este tipo de etanol no país ainda não tinham avançado neste sentido.
Assista à reportagem sobre o projeto:
Via Conexão Lusófona por Bruna Angélica Pelicioli Riboldi
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