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Água

Empresas utilizam “Wetlands” (Jardins Filtrantes) no tratamento de esgoto

13 de fevereiro, 2016

A fábrica da General Motors em Joinville / SC inaugurada em 2013 é considerada referência global em sustentabilidade e preservação ambiental. Totalizando R$ 350 milhões em investimentos, a unidade da GM em Joinville ocupa uma área total de 500 mil m². Aproximadamente 200 mil m² da área foram destinados à preservação ambiental.

A unidade tem como particularidade, também, ser a única fábrica do setor automotivo da América do Sul a conquistar a certificação internacional de construção sustentável Leadership in Energy and Environmental Design (Leed Gold), recebida em março de 2014. Entre as fábricas da GM no mundo foi a segunda a receber a certificação, a primeira, em 2006, foi a unidade de Lansing Delta Township, situada em Michigan (EUA). Entre as diversas inovações existentes e avaliadas estão a energia fotovoltaica, o uso racional da água e da energia elétrica, tratamento de esgotos por meio de jardins filtrantes ou wetland e tratamento de água por osmose reversa.

Fonte: GM do Brasil

Os wetlands construídos, conhecidos também como jardins filtrantes ou filtros de areia plantados, são sistemas naturais de tratamento de esgoto compostos por plantas aquáticas e substratos (brita, areia, bambu, casca de arroz, entre outros). Comparando com os sistemas convencionais de tratamento, são de baixo custo, fácil operação e manutenção. Atualmente, a construção de wetlands tem sido utilizada em vários países para tratamento secundário e terciário de esgotos e para recuperação de rios degradados. Existem várias técnicas de construção e manejo de wetlands, que combinam processos químicos, físicos e biológicos com o objetivo de tratar diferentes tipos de efluentes. Esse sistema é uma alternativa interessante para tratamento de esgoto pelo seu baixo custo de instalação e operação e por ser mais “sustentável” tendo em vista que não utiliza produtos químicos e a biomassa gerada pelas plantas pode ser reutilizada como adubo e ração animal, entre outras vantagens.

A configuração mais usual dos filtros para esse tratamento consiste em 03 tipos diferentes de jardins. Inicialmente, as águas passam em um filtro vegetal vertical (Jardim Vertical) onde a matéria orgânica e o nitrogênio são degradados. Em seguida, na passagem para o filtro vegetal horizontal (Jardim Horizontal), um tratamento complementar é feito para os contaminantes que só podem ser tratados em meio anóxico (ausente de oxigênio). Por fim segue até o último filtro (lagoa terminal) para o término do processo de restauração da água, podendo, a partir de então, ser utilizada para variados fins, inclusive na irrigação das áreas verdes.

Assim como o tratamento de lodo, a manutenção desse sistema é realizada a cada 10 anos e se resume na retirada da matéria mineralizada dos filtros vegetais verticais que se acumulam na parte superior do substrato. Essa matéria possui qualidades que propiciam sua utilização como adubo para agricultura ou outros jardins.

Todas as instalações dos sanitários da unidade em Joinville são equipadas com torneiras e descargas de baixo fluxo e com sensor ou temporizador. Outra iniciativa de uso racional de água e também de energia é o sistema conhecido como “Wetland” (Jardins Filtrantes), considerado altamente sustentável no tratamento de esgotos, dispensando a utilização de produtos químicos. A vegetação é adaptada ao local e integrada à paisagem para o tratamento dos efluentes. Tem reduzido consumo de energia, remove 90% dos poluentes, tem uma reduzida geração de resíduos sólidos.

Os jardins filtrantes ocupam uma área de 650 m2 do total dos 3.500 m2 ocupados pelo sistema de tratamento de efluentes proporcionando uma expressiva economia de energia elétrica, superior a 60% se comparado a uma instalação convencional de 124 MWh/ano, deixando de gerar 3,6 toneladas de CO2 por ano, além de o custo de implementação ser bem menor que uma convencional de igual porte.

Também no uso racional da água, a tecnologia de tratamento de água por Osmose Reversa produz uma água de ótima qualidade, muitas vezes superior à da água de origem, que permite aplicação industrial irrestrita, com baixa salinidade e condutividade e isenta de micro-organismos.

Ele permite o reúso de até 26 mil m³/ ano de água, evitando o consumo de água potável suficiente para abastecer o equivalente ao consumo de 100 casas populares. A água tratada com elevado teor de pureza é utilizada para fins não potáveis, como processo industrial, sanitários, irrigação, jardinagem e lavagem de pisos.

Durante o processo, foram consideradas as práticas e iniciativas sustentáveis da construção civil em diversas fases, da elaboração do projeto à operação. Um dos requisitos era reduzir em 10% o consumo de energia em toda da fábrica. A GM de Santa Catarina alcançou uma economia de 13,8%, deixando de emitir anualmente 119 toneladas de CO2. Em outubro de 2014, a unidade de Joinville atingiu o status zero resíduo para aterro. Com isso, a GM possui agora 122 unidades no mundo que reciclam, reusam e convertem em energia todos os seus resíduos das operações diárias. Durante o processo rumo ao zero resíduo para aterro, a fábrica de Joinville desenvolveu maneiras criativas de reutilizar e reciclar os seus resíduos. Ela usa, por exemplo, os restos orgânicos do refeitório como fertilizante para suas árvores e flores, enquanto a madeira de embalagens é transformada em pedestais.

Outra empresa que vem utilizando o sistema de “Wetland” (Jardins Filtrantes) é a Natura, fabricante brasileira de cosméticos e produtos de higiene e beleza.

Fonte: Daniel Boa Nova

A Natura inaugurou em março de 2014 o complexo industrial Ecoparque em Benevides, município de 50 mil habitantes localizado a 35 km de Belém (PA). O Ecoparque foi planejado para tornar-se um modelo em sustentabilidade ocupando uma área de 172 hectares. O empreendimento vai concentrar a produção de sabonetes e de óleos fixos. O espaço agrega todas as etapas de produção de sabonetes da Natura. Inovador, ele recebe e acomoda outras empresas dispostas a realizar o uso sustentável de ativos da biodiversidade. A ideia é criar uma operação compartilhada, uma rede de cooperação, em que as indústrias instaladas no mesmo espaço possam trocar recursos e articular alternativas conjuntas para gerar economia de custos com menor impacto ambiental possível.

O conceito de sustentabilidade e respeito ao meio-ambiente também está presente nas instalações e estruturas do empreendimento. A Natura utilizou a tecnologia de Jardins Filtrantes, um tratamento inovador de efluentes a partir de raízes de plantas. Em um processo de fitorrestauração, livre de produtos químicos, bactérias alojadas nas raízes de plantas aquáticas realizam a decomposição dos poluentes. Os efluentes tratados são condicionados em estações de tratamento de esgoto (ETEs) com intuito de transformá-los em fertilizantes ou biorremediação para revitalização de lagos e rios. A meta é que em 2050, esse líquido residual seja tão limpo quanto o fornecido pela rede de abastecimento. Enquanto isso, a empresa possui projetos de novas aplicações para a água de reúso, como abastecer o ar-condicionado e gerar vapor. Outra forma de poupar recursos ambientais foi a implantação de sistemas de geotermia, nos quais equipamentos captam o ar externo e promovem troca térmica no subsolo para diminuir a temperatura no interior dos edifícios.

A empresa também reutiliza água da chuva e faz aproveitamento da ventilação e iluminação natural das instalações. Incentivam o uso de bicicletas e disponibilizam carros elétricos para facilitar a mobilidade dos colaboradores e visitantes dentro do Ecoparque.

O desafio da Natura com o Programa Amazônia é colaborar para o desenvolvimento sustentável da região através de ciência, tecnologia e inovação e adensamento das cadeias produtivas. Uma inovação que integra os diversos públicos e conhecimentos em uma grande rede de trocas para que unidos possam buscar soluções a partir dos produtos e serviços da sociobiodiversidade e revelar o imenso potencial de negócios existente na Região Amazônica.

Conheça mais sobre esse assunto no evento que teremos em março: Aplicação de Wetlands construídos como tratamento de esgoto. Saiba mais:

Via Tratamento de Água por Gheorge Patrick Iwaki (Responsável Técnico)

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