Muitas pessoas relacionam orgânicos a alimentos in natura, frescos e não processados. Porém a industrialização e o processamento de alimentos é uma necessidade para quem vive em um mundo com pouco tempo para se dedicar ao preparo dos alimentos. Mas isso não é motivo para descuidar da qualidade da sua alimentação!
Existem duas tecnologias proibidas na legislação dos orgânicos – a irradiação e o uso de aditivos químicos sintéticos.
A irradiação é proibida porque há controvérsias sobre sua eficácia e sobre seu efeito tóxico. Tal tecnologia destrói vitaminas – até 90% da vitamina A na carne de frango, 86% da vitamina B em aveia, e 70% da vitamina C em sucos de fruta. À medida que o tempo de estocagem aumenta, outros nutrientes são perdidos. As proteínas são desnaturadas, as vitaminas A, B12,C, E e K sofrem alterações semelhantes às do processo térmico, as gorduras tendem a rancificação pela destruição dos antioxidantes e ocorre a modificação das características organolépticas. Além disso, a irradiação cria novas substâncias químicas em carnes, conhecidas como “produtos radiolíticos” – o benzeno e formaldeído – de ação carcinogênica.
A utilização crescente de aditivos químicos sintéticos para promover sabor, cor, durabilidade e texturas artificiais preocupa os órgãos ligados à área da saúde pública desde 1957 quando a OrganizaçãoMundial da Saúde promoveu um encontro de especialistas em aditivos alimentares. Esse encontro de especialistas discutiu os riscos da sua utilização relacionados à lesão cerebral causada por estimulantes de sabor como o glutamato monossódico, além de determinados tipos de câncer, alergias, intoxicações diversas e hiperatividade causada pelo uso de alguns dos 2000 tipos de aditivos disponíveis no mercado. A preocupação se mantém porque o rastreamento e o controle do uso dessas substâncias são precários e poucas pesquisas sobre o poder cumulativo dos aditivos nos seres humanos vêm sendo realizadas apesar das denúncias crescentes por parte de muitos profissionais da área de saúde. As políticas de utilização têm sido mais influenciadas pela força da indústria alimentar do que pelos interesses da saúde pública.
Além dessas tecnologias não liberadas nos orgânicos, outros procedimentos tecnológicos agressivos devem ser questionados. São procedimentos que também prejudicam a qualidade do alimento, interferindo em um dos objetivos centrais da agricultura orgânica: a produção de alimentos saudáveis e equilibrados em seu teor de nutrientes. Nesse sentido, outras tecnologias utilizadas no alimento orgânico, como o refinamento de cereais e farinhas e a esterilização de leites orgânicos deveriam ser revistas na legislação que tem esse objetivo central. Resgatar métodos de processamento com baixo impacto sobre a qualidade do alimento orgânico é uma necessidade. A desidratação, o congelamento, a conservação pelo sal, pelo açúcar e pelo ácido, a fermentação, a liofilização, a parbolização e o uso de aditivos naturais são processos tecnológicos que podem ser desenvolvidos dentro da indústria de alimentos e que mantém a qualidade dos produtos orgânicos.
Fonte: Dra. Elaine de Azevedo – Portal Orgânico