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08 de fevereiro, 2016
O mercado de orgânicos no Brasil continua em franca expansão, diante da crescente demanda por parte dos consumidores em adquirir produtos mais saudáveis, sustentáveis e livres de substâncias químicas.
Por outro lado, os produtores de orgânicos, muitas vezes, por falta de planejamento, trabalham com um volume de produção que não condiz com as demandas do mercado. Resultado: para não perder dinheiro, esses produtores, com frequência, são obrigados a vender orgânicos como se fossem convencionais.
A constatação é da coordenadora do Centro de Inteligência em Orgânicos (CI Orgânicos), Sylvia Wachsner. Segundo ela, os pequenos produtores precisam aprimorar o planejamento de suas propriedades, selecionando as variedades que podem ser oferecidas no mercado conforme a demanda.
“Muitas vezes recebemos ligações e e-mails de produtores com toneladas de hortaliças ou frutas que não sabem para quem vender. Desesperados, acabam vendendo como convencionais, e perdem 30% do que representaria o valor agregado da produção orgânica”.
A especialista reconhece que existe uma brecha entre a demanda do setor e o volume de produção. “O produtor deve ficar mais atento as sinais do mercado. Contamos com uma demanda aquecida por produtos orgânicos e mais saudáveis, mas como a produção ainda é bastante pequena, o varejo coloca enormes margens ao comercializar os produtos”, observa Sylvia.
GUIA DO PRODUTOR
Para melhor orientar os produtores sobre este e outros aspectos do setor, o CI Orgânicos, com o apoio do Sebrae, do Itaipú Binacional e da Sociedade Nacional de Agricultura, está lançando o Guia do Produtor Orgânico – Como Produzir Alimentos de Forma Ecológica.
Elaborado pelo engenheiro agrônomo e doutor em Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural, Moacir Roberto Darolt, o guia inclui orientações, em linguagem acessível, que explicam as bases da produção orgânica e os cuidados que os agricultores devem ter, como trabalhar o solo, aumentar a produção, alimentar as plantas sem usar adubos químicos, além de controlar pragas e doenças.
“Se o agricultor deseja produzir numa extensão maior, ele deve pesquisar e desenvolver canais de fornecimento de insumos e sementes orgânicas ou convencionais não tratadas. A produção orgânica envolve sistemas diversificados de produção. Não é monocultura. Os produtores precisam ter conhecimento para elaborar estratégias econômicas e ambientalmente apropriadas”, explica a coordenadora do CI Orgânicos.
O manual também aborda questões relacionadas à produção animal, enfocando assuntos como instalações, alimentação e bem-estar, tratamento de doenças e pragas, tudo sob o ponto de vista da produção orgânica.
Na terceira parte do guia há diversas fichas técnicas que explicam os procedimentos autorizados da produção vegetal na agricultura orgânica, entre eles, nutrição, manejo de pragas e doenças, plantas invasoras, pastagens, entre outros.
CONVERSÃO
Além disso, a obra orienta o produtor que deseja praticar a conversão, ou seja, deixar de produzir de maneira convencional para investir no cultivo de orgânicos. Aliás, para Sylvia Wachsner, essa é uma realidade cada vez mais presente.
“Os pequenos agricultores familiares precisam de conhecimentos que permitam converter suas lavouras em orgânicas, incrementar sua produção ou conhecer os procedimentos técnicos sobre biofertilizantes, controle ecológico, ou espécies de adubos verdes, por exemplo”, relata a especialista.
No caso do período de conversão, pode chegar a 18 meses para culturas perenes.
“Durante essa fase, o agricultor terá menos renda e não poderá comercializar seus produtos como orgânicos. Trata-se de um período que requer investimentos na propriedade. Para que ela tenha boa produtividade, o agricultor precisa de um planejamento da etapa de conversão, que inclui diagnóstico técnico e econômico, plano de execução de mudanças e contratação de técnicos que o auxiliem”, informa Sylvia.
CRESCIMENTO
Atualmente, o Ministério da Agricultura mantém um cadastro atualizado de produção orgânica no Brasil que comprova o crescimento do setor. Até dezembro de 2015, foram registradas 11.654 unidades certificadas.
A coordenadora da SNA relaciona esse aumento “à demanda por alimentos orgânicos que podem ser comercializados com margem maior que os convencionais, e ao desejo dos produtores de potencializar os recursos da propriedade, se tornando menos dependentes, e reduzindo o custo de insumos externos, sobretudo frente à desvalorização do Real”.
Por Equipe SNA/RJ
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