23 de dezembro, 2018
A falta de tempo para ir à feira no início da manhã faz muita gente optar por opções mais práticas de alimentos, mas quase nunca mais saudáveis. Pensando em facilitar o acesso do consumidor a produtos naturais, livres de agrotóxicos, agricultores e produtores começaram a investir no “delivery orgânico”.
A engenheira agrônoma Luciana Lucena foi uma das pessoas que perceberam que ofertar o serviço de entrega poderia ser uma boa opção. Ela e o marido, Mário Guimarães, resolveram apostar na ideia.
“A gente plantava orgânicos e começou a vender nas feiras agroecológicas da cidade. Mas um dia sobraram uns 30 alfaces no canteiro e a gente pensou em fazer um grupo de WhatsApp para vender para os amigos”, conta Luciana.
O que a engenheira agrônoma não esperava era que a ideia fizesse tanto sucesso. “O pessoal foi divulgando e, do dia para a noite, o grupo já tinha quase 200 pessoas querendo produtos orgânicos. Na semana seguinte a gente não foi mais para as feiras, porque já tínhamos uma demanda para atender”.
Casal de produtores investe em serviço de entrega após grande procura de alimentos orgânicos em Maceió — Foto: Thamires Ribeiro/G1
A produção começou em uma fazenda, no bairro de Ipioca, em Maceió, mas a falta de terra fez com que o casal recorresse a outras opções. Atualmente, eles têm 11 fornecedores, sendo a maior parte formada por agricultores familiar, que produzem no interior do estado.
Os produtos ofertados pelo casal são variados, além dos orgânicos tem agroecológicos, veganos e naturais. Há mamão, abóbora, berinjela, rúcula, coco seco, batata doce, macaxeira, couve, cebola, acelga, beterraba, almeirão, brócolis, espinafre, coentro, abobrinha, rabanete, manjericão, alho poró e até plantas medicinais.
A aposentada Socorro Padilha, 75, é uma das clientes fiéis dos dois empreendedores. Ela faz encomendas há cerca de um ano semanalmente e afirma que o serviço é uma “mão na roda”.
“Eu não gosto muito de sair de casa, então eu acho bom tanto a entrega, quanto ser orgânico. Antes eu ia em uma feira, que tinha que ir às 5h para conseguir pegar as coisas boas. E agora é mais prático. Eu indiquei para o meu filho e para minha nora”, explica satisfeita a cliente.
Diversidade de produtos orgânicos e facilidade na entrega fazem com que clientes alagoanos busquem por serviços delivery — Foto: Thamires Ribeiro/G1
A internet acaba sendo a mediadora entre produtores e clientes, mas não é só em Maceió. No interior do estado também já tem gente fazendo delivery de orgânicos. O agricultor Jailson Tenório mora no assentamento Flor do Bosque, na zona rural de Messias, e viu nas redes cociais uma forma de escoar a produção.
“Na quinta-feira a gente coloca os itens que tem no grupo do WhatsApp, o pessoal faz o pedido até sexta e a gente realiza a entrega dos pedidos nas casas de Messias”, diz Tenório.
Os pedidos dos alimentos orgânicos são feitos através do WhatsApp e entregue em casas de Messias, AL — Foto: Jailson Tenório/Arquivo Pessoal
Ele começou a oferecer o serviço de entrega recentemente, há cerca de um mês. Macaxeira, inhame, coco seco ou verde, tomate cereja e couve, tudo entregue a partir de pedidos feitos no grupo.
“A gente tinha alguns produtos e mandava para as feiras [para vender]. Depois surgiu essa ideia de oferecer em um grupo para o pessoal de Messias. Toda semana a gente coloca [no grupo] o que tem, o pessoal vai comprando e depois a gente realiza a entrega”, explica o agricultor.
Apesar de a comodidade da entrega ser um dos principais pontos do serviço, há também a questão da saúde, já que os alimentos são totalmente livres de agrotóxicos. Luciana Lucena explica que, além de fazer bem à saúde, o alimento orgânico traz benefícios também para o meio ambiente, pois preserva a fauna, a flora, o solo e a água.
“O alimento orgânico é rico em micronutrientes porque a base da produção dele é a microbiologia do solo e fornece mais de 40 nutrientes, enquanto o convencional, além de ter o veneno na planta, é muito pobre nutricionalmente”, avalia a engenheira agrônoma.
Os alimentos plantados no assentamento Flor do Bosque, em Messias, são vendidos semanalmente pelo agricultor Jailson Tenório — Foto: Jailson Tenório/Arquivo Pessoal