“Antes de voltarmos para a agricultura orgânica neste país, alguém precisa decidir quais dos 50 milhões de americanos serão deixados para passar fome”. Esta frase foi dita por Earl Butz, secretário da agricultura dos EUA em 1971 e reproduz um pensamento generalizado de que a produção orgânica nunca seria viável do ponto de vista global. Hoje, menos de 50 anos depois da declaração, não faltam provas de que este jeito alternativo de cultivar pode sim alimentar o mundo todo. É o caso de um novo relatório divulgado pela Universidade Estadual de Washington e publicada na revista Nature Plants.
Chamado de “Agricultura Orgânica no Século 21”, ele foi liderado por John Regalnold, professor de Ciência do Solo e Agroecologia, e Jonathan Wather, doutorado em Ciências do Solo, e compilou diversos estudos na área. Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores levaram em conta 4 pilares: produtividade, economia, ambiente e bem-estar da comunidade.
O resultado mostra que as produções orgânicas podem gerar rendimentos suficientes, ser lucrativo para os produtores e ainda proteger e melhorar o meio-ambiente: “Estudos mostram que o cultivo orgânico tem consistentemente melhores níveis de carbono, melhor qualidade e menor erosão do solo se comparado a produção convencional”, diz o relatório. O texto também ressalta benefícios como maior diversidade animais e vegetal, além do risco quase nulo de infecção da terra e dos lençóis freáticos com fertilizantes químicos e pesticidas.
Outro ponto importante levantado pelo estudo diz respeito à produtividade. Ele diz que “mesmo em condições de seca grave, que esperamos que aumentem devido as alterações climáticas, as fazendas orgânicas têm o potencial de produzir altos rendimentos por causa da capacidade de retenção de água mais elevada em solos cultivados organicamente”, diz o relatório.
Para John e Jonathan, o modelo ideal é a combinação das técnicas orgânicas com tecnologia de ponta, “incluindo sistemas inovadores de produção, agroflorestal, cultivo integrado, agricultura regenerativa e culturas mistas”, além da redução drástica do desperdício global de recursos e alimentos.
As evidências apontam que os benefícios ambientais, sociais e até mesmo na saúde da população são notáveis. Os orgânicos são uma alternativa real ao modelo atual de produção. Temos que mudar o jeito de olhar para ele. A sociedade e, claro, o planeta agradecem!
O relatório completo pode ser acessado neste link.
Via Fazenda da Toca
O problema é o comércio de agroquímicos e suas falácias ainda tidas como verdades para a infinita maioria das pessoas.