Tão concentradas quanto a terra do agronegócio, estão também a distribuição e o acesso à alimentação em nível global.
A reportagem é publicada pelo MST e reproduzida pelo portal EcoDebate, 19-06-2015.
Apesar da produção atual de comida ser suficiente para alimentar toda a humanidade, uma em cada sete pessoas no mundo passa fome, segundo informações do Relatório anual da agência da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Os dados nos mostram que tão concentradas quanto a terra do agronegócio, estão também a distribuição e o acesso à alimentação em nível global.
Esse cenário de crise alimentar pede a urgência de uma alternativa que não se limite apenas à produção, mas atente para problemas sociais estruturais.
Entenda como podemos construir um modelo de desenvolvimento mais justo e viável a partir da agroecologia.
Garantindo Soberania Alimentar
Todos os povos devem ter direito aos meios de produzir alimentos seguros e nutritivos, garantindo o direito à alimentação e as necessidades de suas sociedades. Isso não é possível com o agronegócio que acorrenta o agricultor a um pacote tecnológico, em que a semente é muito mais adaptada a escala de produção da indústria.
Com a agroecologia, a seleção e reutilização de sementes é realizada de acordo com as necessidades e padrões de alimentação da família, gerando sistemas agrícolas diversificados e, consequentemente, alimentos mais virados e saudáveis.
Valorizando o papel e a cultura do camponês
A agroecologia faz uma ponte entre o conhecimento tradicional e a ciência integradora de várias áreas, valorizando tanto as inovações tecnológicas que ajudam a enfrentar os problemas vinculados à produtividade da plantação, quanto o camponês como sujeito fundamental para o trabalho no campo, reestruturando socialmente a comunidade agrícola e a agricultura familiar, de onde advém 70% dos alimentos para consumo no mundo, de acordo com dados do grupo ETC.
Reduzindo custos e criando empregos
Segundo o relatório Agroecologia e o Direito à Alimentação, produzido pelo Relator Especial das Nações Unidas sobre o Direito à Alimentação, o professor belga Olivier De Schutter, a agroecologia reduz os custos de produção ao minimizar o uso de insumos caros, melhorando as condições de vida das famílias agricultoras, particularmente aquelas mais pobres. Ela pode ser intensiva em conhecimentos e em mão de obra, criando oportunidades de trabalho nas áreas rurais e promove o desenvolvimento rural.
Sendo a chave para o desenvolvimento Sustentável
Enquanto o agronegócio destrói o meio ambiente, a agroecologia não utiliza produtos químicos, recicla totalmente seus componentes e prioriza o desenvolvimento da diversidade genética no espaço agrário. Só no Norte e Nordeste do país já existem cerca de dois milhões de unidades de produção que não utilizam agrotóxicos.
Estamos diante de uma disputa de dois modelos concorrentes de desenvolvimento. Resta à população refletir sobre a melhor maneira para produzir a alimentação necessária para os cerca de 180 milhões de brasileiros, levando em conta os aspectos econômicos, sociais, ambientais e de saúde.
Via Unisinos – ihu.unisinos.br