Interessados terão que se cadastrar e pagar uma taxa mensal. O projeto pretende estimular a carona
Uma das vantagens do veículo elétrico é não emitir gases que provocam o aquecimento global
Em teste desde dezembro do ano passado, os carros elétricos do programa de compartilhamento do Porto Digital e empresa Serttel estarão disponíveis para o público a partir do mês que vem. O anúncio foi feito ontem pela gerente do projeto Porto Leve, Cidinha Gouveia, durante o Pernambuco no Clima, evento que discute soluções para conter o aquecimento global.
Atualmente, o projeto de compartilhamento – que vai funcionar nos mesmos moldes das bicicletas alugadas – conta com três veículos e três estações, todas nas instalações do Porto Digital (duas no Bairro do Recife e uma em Santo Amaro). Quando abrir ao público, terá mais duas: na Casa da Cultura e no Derby. “Vamos criar um cadastro na Serttel para usuários. Eles terão que assinar um contrato de responsabilidade pelo uso do veículo, que será monitorado”, explica Cidinha Gouveia.
Como a ideia é reduzir o número de veículos convencionais nas ruas para diminuir as emissões de gases que provocam o efeito estufa, entre outras coisas, o projeto vai incentivar a carona. “Mas o caroneiro também precisa estar habilitado no sistema”, adverte Cidinha. O usuário terá que pagar R$ 30 por mês e mais R$ 20 cada vez que usar o carro. Se indicar que vai levar alguém, o custo cai para R$ 10 mesmo que o passageiro acabe desistindo da viagem. Se viajarem os dois, cada um pagará R$ 5. “Estamos incentivando uma mudança de cultura”, acredita a gerente do Porto Leve.
Os carros elétricos em teste já fizeram 850 viagens com duração de 15 minutos, em média, segundo a Serttel. O acesso ao veículo é feito por um aplicativo para smartphone, que destrava as portas e baixa os vidros. “Os testes vão continuar para ver como o carro se comporta sendo usado pelo público. Nosso desejo é que ocorra o mesmo que aconteceu com as bikes”, comenta Cidinha.
Mas o programa de compartilhamento de bicicletas no Recife, apesar de muito badalado, está aquém dos implantados em outras cidades, segundo o presidente da Serttel, Ângelo Leite. “Recife tem o dobro das estações de Fortaleza (80 contra 40), mas a cidade cearense usa bem mais o sistema. Salvador também”, revelou.
Na opinião de Leite, um dos motivos seria a falta de infraestrutura. O Recife tem apenas 33,4 quilômetros de malha ciclável. “É preciso melhorar nesse quesito. A cidade é plana e as pessoas têm disposição para receber esse tipo de transporte.” Mas o baixo desempenho também pode estar associado à qualidade do serviço de compartilhamento.
Ângelo Leite admitiu que tem recebido reclamações de usuários. Muita gente se queixa que não consegue destravar as bikes ou que elas estão em mau estado de conservação. “Mas já estamos estamos enfrentando essa questão. Quando as bicicletas não são usadas três dias seguidos ou o usuário pega e devolve em outra estação, recolhemos para ver se há algum problema”, assegura.
Apesar dos percalços, ele considera o projeto um sucesso. “O Rio de Janeiro já é a sétima cidade do mundo em uso de bicicleta compartilhada e no Recife estão sendo feitas de 400 a 500 viagens por dia”, arremata.
Via Jornal do Comércio – http://jconline.ne10.uol.com.br/