19 de maio, 2017
Essa é a principal característica do ônibus movido a hidrogênio, apresentado pela oficial de programa para desenvolvimento sustentável do PNUD, Rose Diegues, como uma das soluções inovadoras para a mesa Como qualificar o transporte coletivo e atrair novas fontes de recursos, durante o IV Encontro dos Municípios com o Desenvolvimento Sustentável (EMDS), na última quarta-feira, 26, em Brasília.
O projeto foi desenvolvido pelo PNUD em parceria com a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU), com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF). A iniciativa possibilitou inserir três ônibus movidos a hidrogênio na frota paulista em março de 2016. “São Paulo foi escolhida porque é a cidade com a maior frota de ônibus do Brasil”, explicou a oficial do PNUD.
Os ônibus rodaram por pouco tempo, porque apresentam uma tecnologia pré-comercial, com um modelo de negócio que ainda precisa ser implementado no Brasil. Contudo, o projeto foi importante, principalmente para a nacionalização da tecnologia e conhecimento transferido para a indústria nacional. “Esse projeto deu oportunidade ao mercado brasileiro para se adequar a essa nova tecnologia, que é uma tecnologia do futuro”, afirmou Rose Diegues.
O Brasil foi o primeiro país da América Latina a colocar um ônibus movido a hidrogênio para rodar na frota do país e o quarto do mundo, junto com Estados Unidos, Canadá e Alemanha.
Mobilidade urbana sustentável
O caso de sucesso apresentado pela oficial do PNUD para cerca de 80 pessoas foi antecedido de debate sobre como qualificar o transporte coletivo e atrair fontes de recursos para meios de locomoção que promovam a mobilidade urbana sustentável, segura e participativa.
“É preciso integrar os diferentes meios de mobilidade, para que cada sistema possa dar o seu melhor, garantindo também a sustentabilidade no transporte em geral”, afirmou a superintendente da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), Roberta Marchesi.
O diretor da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), Marcos Bicalho, defendeu o investimentos em políticas energéticas de longo prazo, principalmente para os sistemas de ônibus. “Isso também permitiria maior segurança nos investimentos tecnológicos no setor”, ressaltou.
Nos últimos 15 anos, a frota de automóveis triplicou, e a de motocicletas cresceu cerca de cinco vezes. Para mudar esse quadro, a diretora da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), Richele Cabral Gonçalves, defendeu o investimento em Transporte Rápido por Ônibus (BRTs). “Cada BRT tira 3 ônibus da rua. Isso leva a ganho de eficiência energética no transporte público”.
A representante da Caixa Econômica no evento, Marina Carvalho, complementou que frotas mais limpas já são financiadas, mas, atualmente, há apenas incentivos nas taxas dos juros para os transportes sobre trilhos. Contudo, “nada impede que isso não seja levado adiante para o conselho curador, para veículos elétricos, a gás, a diesel”, afirmou.
Esses investimentos precisam ser pensados para beneficiar não apenas os grandes centros urbanos, mas, principalmente, as cidades de médio porte. “A perspectiva para os próximos 30 anos é que o Brasil ganhe cerca de 40 milhões de habitantes. Essas pessoas não vão morar em São Paulo, Rio de Janeiro ou Salvador. Elas vão viver nas cidades médias e, por isso, precisamos investir na mobilidade urbana dessas cidades”, apontou o presidente da ANP Trilhos, Ailton Brasiliense.
O secretário municipal de transportes da cidade de São Paulo, Sérgio Avelleda, pontuou que, atualmente, São Paulo apresenta apenas 7% da frota de mobilidade urbana sustentável. O objetivo é chegar a 100%. Contudo, “apenas 21% da poluição gerada pelo sistema de transporte em São Paulo é causada pela frota de ônibus; cerca de 40% é por caminhões, e o restante é pelos carros”, complementou o secretário.
Com isso, todos os palestrantes concluíram: é preciso viabilizar projetos para a mobilidade urbana inteligente.
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