Em geral, nós, humanos, somos melhores em fazer coisas agora do que éramos há milhares de anos. Mas há certas coisas que os antigos acertaram, e nós ainda não conseguimos. O concreto romano, por exemplo, é muito melhor do que a versão menos resistente usada hoje em dia.
Mas enfim, depois de cerca de 2.000 anos, uma equipe de cientistas – liderada por um brasileiro! – descobriu a receita do concreto romano, e vale a pena conhecê-la.
O concreto, embora muitas vezes não seja exatamente bonito, é uma importante ferramenta para construir cidades hoje em dia. Há quase 200 anos, nós usamos o cimento Portland (um ingrediente do concreto) como base da arquitetura moderna, mas ele simplesmente não se compara ao material dos antigos romanos.
Há portos marítimos na Itália feitos de concreto que ainda estão de pé depois de milhares de anos. Enquanto isso, uma estrutura moderna de cimento Portland teria sorte em durar 50 anos quando exposta à água salgada.
Agora, depois de anos de pesquisas em laboratórios nos EUA e Europa, cientistas descobriram a mistura específica de cal e rocha vulcânica para criar o concreto romano mais robusto. Os detalhes foram publicados nos periódicos Journal of the American Ceramic Society e American Mineralogist.
Em um comunicado à imprensa sobre o assunto, explica-se como era feito o concreto romano:
Os romanos faziam concreto ao misturar cal e rocha vulcânica. Para estruturas subaquáticas, cal e cinzas vulcânicas eram misturadas para formar argamassa, e esta argamassa com tufo vulcânico [tipo de rocha] era moldada em forma de madeira. A água do mar provocava imediatamente uma reação química quente. A cal era hidratada – incorporando moléculas de água na sua estrutura – e reagia com as cinzas para cimentar toda a mistura.
O estudo foi liderado pelo brasileiro Paulo Monteiro, engenheiro civil graduado na Universidade de São Paulo e Ph.D. em U.C. Berkeley (EUA). Ele explica que o cimento Portland não é tão ecologicamente correto, representando cerca de 7% do CO2 que a indústria moderna produz. O concreto romano, por sua vez, emite muito, muito menos CO2.
Ainda há muito trabalho a ser feito para adaptar as técnicas tradicionais de construção romana às necessidades de hoje, mas a receita continua sendo boa hoje como era há dois mil anos.
Fonte: Gizmodo