19 de abril, 2016
O conceito de Tecnologia Social (TS) compreende o senso de coletividade e tem como princípios a autogestão, a inclusão social, a economia solidária, o respeito cultural e a sustentabilidade ambiental.
Em 2001, a reaplicação da Tecnologia Social “Cisterna de Placas” se tornou a política pública Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), do governo federal, para solucionar o problema da falta de água no semiárido brasileiro. Devido ao sucesso dessa ação, realizada em parceria com a Fundação Banco do Brasil (FBB), surge o projeto Moradia Urbana com Tecnologia Social.
Na esfera do Programa Nacional de Habitação Urbana – PNHU,o objetivo do projeto é potencializar os efeitos do Trabalho Social dos 124 empreendimentos imobiliários financiados pelo Banco do Brasil que serão entregues pelo Programa Federal do Minha Casa Minha Vida.
O Moradia Urbana TS é dividido em duas fases:
A primeira fase é desenvolvida com base na experiência da ONG Rede Internacional de Ação Comunitária – Interação. Nessa etapa, será feito o processo de autorrecenseamento, isso é, um censo entre os moradores dos empreendimentos, para o recolhimento de informações necessárias como dados demográficos e perfil socioeconômico.
Além do autorrecenseamento, a Rede Interação também fomenta a criação de uma poupança comunitária e intercâmbio entre os participantes, o que funciona como uma forma de organização e mobilização comunitária. Os habitantes adquirem aprendizagens coletivas, pois passam a se apropriar de novos conhecimentos sobre a área em que vivem e, dessa maneira, ampliam seu diálogo e negociação com o poder público.
Na segunda fase, após esta primeira mobilização social e organização comunitária , atuarão quatro ONGs idealizadoras de tecnologias sociais: Instituto Redecriar, Associação Vaga Lume, CEPAGRO – Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo e Pólis – Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais..
As ONGs organizarão workshops para repassarem seus conhecimentos para ONGs regionais. Estas encarregam-se de transmitir os aprendizados para moradores locais. O Instituto Redecriar é responsável pela TS Joias Sustentáveis, na qual são reaproveitadas embalagens plásticas para a criação de peças artesanais. Já a Associação Vaga Lume tem como objetivo promover o acesso ao livro e à leitura a partir da TS de Bibliotecas Comunitárias.
Além dessas, o CEPAGRO propõe a TS “A Revolução dos Baldinhos”, cujo intuito é dialogar com soluções de problemas de saneamento ambiental e organização comunitária. Por fim, o Instituto Pólis é responsável pela TS Hortas Urbanas, no qual a proposta é transformar ambientes urbanos e periurbanos em espaços mais sustentáveis, por meio da produção de alimentos e ervas medicinais.
A TS Hortas Urbanas dialoga com diferentes áreas: segurança alimentar, saúde, economia, sociedade, cultura, ambiente, política e ética. Algumas técnicas propostas são:
Hortas Urbanas e alimentação de qualidade
A Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) defende que é o direito de todos ter acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem deixar de atender outras necessidades essenciais, com base em práticas alimentares saudáveis, que respeitem a diversidade cultural e que sejam sociais, econômicas e ambientalmente sustentáveis.
Desde então, o tema da agricultura urbana e periurbana vem sendo integrado à área de segurança alimentar e nutricional, construindo um campo de convergência conceitual. A emergência da temática da Agricultura Urbana e Periurbana e a sua inserção na agenda do governo federal é marcada pela participação dos movimentos sociais e da sociedade civil organizada, que ao longo dos últimos anos vem desenvolvendo significativas experiências e participação ativa no debate público.
Sendo assim, a TS Hortas Urbanas preocupa-se com a reeducação alimentar e com o incentivo à produção de alimentos livres de agrotóxicos em meio urbano de forma econômica. Estrategicamente, a TS Hortas Urbanas também oferece melhoria à gestão de resíduos sólidos urbanos, à revitalização de espaços urbanos ociosos, à ampliação da permeabilidade do solo e de áreas verdes, entre outros.
Como resultado, o projeto Moradia Urbana com Tecnologia Social espera fortalecer a consciência cidadã, estimular a capacidade de organização de atividades coletivas e consolidar o processo de cadeia produtiva sustentável, na qual integra-se a produção, comercialização e consumo.
As tecnologias sociais são entendidas como ferramentas que despertam soluções para transformações profundas. Elas objetivam fazer o desenvolvimento de um espírito solidário a partir da criação e compartilhamento de iniciativas inovadoras em comunidades.
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Para conhecer mais sobre o projeto, acesse o site.