SOLIDEZ: o bambu cresce em quase todos os continentes e é forte como o aço e resistente como o cimento – CHRIS MCGRATH
Elora Hardy é a responsável pelas “Casas mágicas”, projeto de construção de casas integralmente em bambu
“Casas mágicas” é assim que Elora Hardy chama ao que faz, provavelmente não é arquitetura nem engenharia civil, é construção no seu nível mais básico. Colhe bambu e com ele fazer um puzzle com infinitas soluções. Além de aproveitar o que a terra oferece, ensina aos mais novos, as gerações futuras, que não têm que estragar o planeta para viver nele.
Elora constrói tudo em bambu nas casas que faz, dos alicerces à mobília até aos tetos e paredes. Foi em 2010 o romper total com a selva de betão onde vivia antes, Nova Iorque. Sentiu o chamamento para uma vida sustentável ao visitar a escola verde que o pai tinha construído, em Bali, toda ela em bambu.
Hoje já conta com 18 casas da sua autoria e o processo é muito diferente da construção a que estamos habituados. No local não se veem gruas ou escavadoras e quem manda é o bambu. E se Elora lhe obedecer corre tudo bem. Primeiro vê o terreno, depois fala com os futuros proprietários — até aqui tudo normal — no final faz um esboço e constrói a maquete com bambu. São estas maquetes que os construtores vão usar como guias (se funcionar na escala 1:5 vai funcionar em tamanho real). Para isto ser possível conta com ajuda de artesãos locais habituados a tratar o bambu como ingrediente de uma peça de arte.
Uma simples erva selvagem como o bambu, que cresce em quase todos os continentes, é forte como o aço e resistente como o cimento. A versatilidade e manuseabilidade do material permite criar autênticas casas mágicas e repensar o conceito de casa. E se, no início, às térmitas e os insetos eram o principal inimigo do bambu, agora já não são. Elora descobriu a solução dando um banho em sal de boro a todas as canas tornando-as quase indestrutíveis.