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Conheça o “concreto vivo” que fecha as próprias infiltrações

17 de maio, 2015

Concreto que fecha as próprias infiltrações, criado por pesquisadores

Apesar de ser o material de construção mais usado do planeta, a humanidade tenta há alguns milênios encontrar formas de tornar o concreto mais durável.

Mesmo quando misturado com outros compostos ou é reforçado, todo concreto racha. E, em alguns casos, as rachaduras fazem a estrutura entrar em colapso.

Mas pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Delft, na Holanda, afirmam ter encontrado a solução para esse problema na biologia.

Uma equipe de cientistas, liderada pelo professor Henk Jonkers, criou o que batizaram de bioconcreto, uma espécie de concreto que se conserta sozinho utilizando bactérias.

O bioconcreto é misturado como o concreto convencional, mas com um ingrediente adicional chamado pelos pesquisadores de “agente de cura”. Esse agente fica intacto durante a mistura, sendo ativado apenas se o concreto racha e sofre infiltrações.

O microbiólogo Jonkers começou a trabalhar no bioconcreto em 2006, quando um engenheiro perguntou a ele se era possível usar bactérias para criar um concreto que se autopreenchesse.

Demorou três anos para que Jonkers resolvesse o problema.

“Precisávamos de bactérias que sobrevivessem às condições extremas do concreto, muito secas”, afirma Jonkers. O concreto é um material extremamente alcalino e a bactéria precisa ficar em hibernação por anos antes que seja ativada pela água.

Jonkers escolheu bacilos para o trabalho, pois eles conseguem se reproduzir em condições alcalinas, produzindo esporos que sobrevivem por décadas sem comida ou oxigênio.

“O próximo desafio não era apenas fazer a bactéria permanecer viva, mas também fazê-las produzirem calcário, o material de reparo para o concreto”, explica o cientista.

Para produzir calcário, os bacilos precisam de uma fonte de alimento. Açúcar foi uma das opções consideradas, mas ele faria o concreto ficar mole e fraco. Jonkers escolheu lactato de cálcio, colocando-o ao lado das bactérias dentro de cápsulas feitas com plástico biodegradável que eram misturadas no concreto ainda molhado.

Quando as rachaduras começam a se formar no concreto, a água entra pelas infiltrações e abre as cápsulas. Então, a bactéria germina e se alimenta com o lactato. Ao fazer isso, elas combinam o cálcio com íons de carbonato para formar o calcário que irá preencher as rachaduras.

Jonkers espera que o biocontreto marque o começo de uma nova era de prédios biológicos. “A natureza fornece muitas coisas úteis e de graça. Esse é um bom exemplo.”

Via Exame.com – exame.abril.com.br

 

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