O que estas casas têm de diferente das comuns?
Elas permitem uma vida autossuficiente a seus moradores!
Além de produzir a própria energia e de captar a água das chuvas e do solo, as residências têm ainda um sistema de hortas que viabiliza a produção de comida.
A ideia nasceu a partir de um trabalho de investigação feito na Universidade de Stanford, nos EUA.
Um dos responsáveis pela ideia, o ex-incorporador imobiliário James Ehrlich é dono de uma empresa que só promove construções sustentáveis – a ReGen Villages Holding B.V, sediada na California.
Para dar forma a esta ideia, chamaram o escritório de arquitetura dinamarquês EFFEKT.
E, no inicio deste mês de junho, viram ser aprovado seu primeiro projeto: o da cidade em Almere, situada a 25 minutos de Amsterdam.
Lá, serão construídas 100 casas em um terreno de 15.500 m².
A pequena vila tem, além das casas, outros espaços e edifícios comunitários: estacionamento com pontos para carregar carros elétricos, horta de produtos sazonais, estufas com fazendas verticais para o cultivo de frutas e vegetais, espaços para gado e outros animais, caixa de água que armazena a água recolhida, assim como uma central elétrica exclusiva para a comunidade, capaz de gerar a energia de forma eficiente. Existirão também praças públicas e áreas comuns, a exemplo de salas de refeições.
Uma série de tecnologias existentes no mercado melhorará a qualidade de vida das pessoas.
Para abastecer a energia, por exemplo, serão usados processos como geotermia, energia solar e eólica e métodos de biomassa.
Frutas e vegetais serão cultivados em fazendas verticais utilizando métodos aquapónicos e aeropónicos, enquanto os peixes, que também têm lugar na comunidade, criarão fertilizante para o sistema aquapónico e, o gado, matéria para fertilizar a horta.
A ideia é que o ciclo se feche em termos da utilização de recursos naturais. Nada se perde, tudo se transforma.
As casas serão pré-fabricadas, pois a técnica permite otimizar recursos.
Outra solução arquitetónica adotada foi a de uma segunda pele de vidro, capaz de criar um jardim de inverno particular e proteger o lar do intenso clima frio e úmido.
A solução de fazer fazendas verticais e aquapónicas – método de agricultura que consome menos espaço que os sistemas tradicionais -, resulta em uma intervenção com menor impacto na paisagem, se comparado aos sistemas tradicionais.
Isto significa que o impacto nas áreas de floresta e de campos será muito menor.
A ideia atenta para o cálculo da área do planeta utilizada para agricultura: segundo os dados do empreendedor, 42% da área de terreno do mundo é atualmente utilizada para agricultura.
O começo da obra está previsto para este trimestre e as primeiras 25 casas serão entregues em 2017.
A ReGen Village não é só mais uma valia ambiental e financeira, ela acrescenta valor social, pois cria uma situação que potencializa o desenvolvimento do sentido de comunidade.
As pessoas fazem parte de um lugar partilhado, voltado à natureza e que proporciona consumo acompanhado de produção.
Do ponto de vista global, estes sistemas de urbanização, carregam um potencial de mudança enorme que permite combater alguns dos maiores desafios da humanidade hoje: a escassez de recursos, o problema da fome em determinadas partes do mundo, a redução das emissões de CO2 e até pode ajudar a diminuir as despesas internas de um município ou país o que, por sua vez, tem influência direta na economia global.
O projeto das ReGen Villages está em exibição na Bienal de Arquitetura de Veneza no Pavilhão Dinamarques por inclusão na exposição chamada Arte de Muitos e Direito ao Espaço, que foca na arquitetura para comunidades e planejamento urbano.
Além deste, existem outros projetos piloto semelhantes para a Suécia, Noruega, Dinamarca, e Alemanha e há planos de desenvolver para África e China.
Aqui no Studio também estamos fazendo a nossa parte para contribuir com um mundo melhor: temos na prancheta uma residência que segue princípios semelhantes, ela se chama Casa NoVA.
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