Casa em Teerã está sempre em mutação
A fachada da casa Sharif-ha, em Teerã, capital do Irã, muda de acordo com o humor dos proprietários e as estações do ano. Não que os moradores sejam fãs incuráveis de reformas. Explica-se: a casa tem cômodos móveis de madeira que deslizam, projetando-se para fora ou se recolhendo.
Os arquitetos do escritório Next Office se inspiraram nas vivendas tradicionais iranianas. Essas moradas costumam ter duas salas de estar: uma para o verão, cheia de janelas e com amplos terraços; outra para o inverno, com poucas aberturas. Pudera: no calor a temperatura em Teerã chega a 36 °C; em janeiro, época mais fria, despenca para -1 °C.
“A técnica de fabricação do mecanismo de deslizamento foi bem simples – o mesmo método usado para girar cenários ou os palcos de feiras de automóveis”, contam os arquitetos.
As estruturas fazem parte da sala de café da manhã, quarto de hóspedes e escritório, que estão respectivamente no primeiro, segundo e terceiro andar. Esses ambientes podem mudar de configuração e aparência conforme os hóspedes desejam.
Construída em terreno estreito, a casa tem sete pisos. Os cinco acima do solo são atravessados por um vazio central, sobre o qual uma clarabóia permite a entrada de luz – o detalhe é indispensável quando as varandas estão fechadas. Pontes ligam os dois lados da casa.
Quartos de empregados e garagem ficam no térreo; os próximos dois andares trazem espaços de convívio, como duas cozinhas, sala de TV e sala de jantar – cômodo demarcado com piso de madeira. Quarto e quinto andares abrigam dormitórios e áreas privativas, como um estúdio.
Nos dois subsolos ficam a sala de ginástica e a piscina da casa. Mas não espere áreas de lazer escuras. O sol penetra até embaixo, atravessando placas de vidro instaladas no jardim do térreo. Um espelho d’água sobre a clarabóia garante que a luz natural chegue ao fundo. E esconde de olhares indiscretos o segredo do subsolo.