A preocupação com questões que envolvem meio ambiente, sustentabilidade e conscientização ambiental de modo geral vem ganhando cada vez mais espaço na sociedade mundial. No Brasil, um dado chama a atenção: o país ocupa a 4ª colocação mundial no ranking global de construções sustentáveis com a certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), que está presente em 165 países. No total, são 1.226 projetos registrados, dos quais 404 já certificados.
A certificação internacional LEED está mudando a maneira como os edifícios e as comunidades são planejados, construídos e operados. Líderes, dos mais de 160 países que utilizam a certificação, fizeram o LEED ser a principal plataforma utilizada para green buildings ou edifícios verdes, com mais de 170 mil m² certificados diariamente.
Esta certificação funciona para todos os edifícios e possui oito diferentes tipologias: novas construções e grandes reformas, áreas comuns e envoltórias, interiores comerciais, escolas, hospitais e setor de saúde, varejo, edifícios existentes – operação e manutenção, casas, desenvolvimento de bairro.
Todas as tipologias possuem pré-requisitos (práticas obrigatórias) e créditos, recomendações que quando atendidas garantem pontos a edificação. Os parâmetros avaliados são: uso racional da água; eficiência energética; redução, reutilização e reciclagem de materiais e recursos; qualidade dos ambientes internos da edificação; espaço sustentável; inovação e tecnologia e atendimento a necessidades regionais. O nível da certificação é definido, conforme a quantidade de pontos adquiridos nesses quesitos, podendo variar de 40 pontos a 110 pontos.
Os níveis são:
Selo LEED, conferido a empreendimentos que tiveram mais de 40 pontos;
No Brasil, a certificação LEED é representada pelo Green Building Council Brasil (GBC Brasil), entidade que completa 10 anos de atividades, com o objetivo de desenvolver a indústria da construção sustentável no país. O Mapa da Obra conversou com Felipe Faria, diretor-executivo do GBC Brasil e presidente do Comitê dos GBCs das Américas pelo World Green Building Council. Acompanhe:
MDO – Mesmo em tempos de crise, financeira e política, quais os (prováveis) fatores de o Brasil ser destaque nas construções sustentáveis?
Felipe – O GBC Brasil completa 10 anos de atividades e nesse período acompanhou o surgimento de uma vibrante comunidade de construções verdes (green building), que envolve a cadeia em torno de projetos, das obras, da utilização/administração de edificações, além dos produtos, sistemas e soluções que fazem parte das construções verdes. A consolidação no setor de edificações corporativas e o processo de expansão e fortalecimento em setores diversos ficaram evidentes em 2016. Mesmo diante de um momento de atenção do ponto de vista econômico e político, a construção sustentável apresentou outra realidade, com excelente desempenho em novos projetos registrados no LEED. Foram 201 projetos novos. Somente para se ter uma ideia, o recorde do setor foi de 2012, com 209 projetos. O resultado vem do crescimento do mercado dos green buildings e de uma mudança de percepção dos tomadores de decisão do setor. Hoje, a certificação verde é encontrada não somente em construções de alto padrão, mas em empreendimentos residenciais, no varejo, em escolas e instituições de ensino, trazendo benefícios econômicos, ambientais e bem estar social para aqueles que usufruem dessas edificações.
MDO – Quais são as perspectivas para os próximos anos?
Felipe – Nossas perspectivas relacionadas aos sistemas de certificações LEED e CASA (destinada ao setor residencial) são manter a contínua penetração e fortalecimento destas edificações nos diversos setores de mercado, com ênfase no varejo e residencial, bem como acelerar o mercado de eficiência energética em edificações existentes. Em termos de novidades, como parte dos compromissos do GBC Brasil e World GBC, com o apoio do Instituto Clima e sociedade estamos desenvolvendo uma ferramenta de certificação para edificações autossuficientes em energia ou aquelas que conseguem neutralizar suas emissões de CO² durante a etapa de operação. Em relação às inovações que esperamos da indústria de materiais e recursos o desenvolvimento da cultura da Avaliação de Ciclo de Vida e Declaração Ambiental de Produto, que já encontra empresas pioneiras, como o caso de algumas argamassas, cimentos e concreto da Votorantim Cimentos. Por fim, também cabe destacar um dos principais temas em discussão pelo movimento internacional de green building, tal qual a saúde e bem estar dos ocupante: os GBCs trabalharão para que os projetos, obras e operações tenham como premissa básica a saúde e bem estar dos seus ocupantes.
MDO – O que o Brasil ganha com o crescimento das construções sustentáveis?
Felipe – O crescimento dessa cadeia de construções verdes no Brasil gera uma série de benefícios sustentáveis. Ganha o meio ambiente, pois estamos tratando de ações que promovam a preservação dos recursos naturais, desde os projetos de obras, passando pelos produtos e sistemas fornecidos, até a execução e funcionamento da edificação e de seu entorno. Além disso, a economia gerada é notória, isso sem falar na melhoria da qualidade de vida dos ocupantes, fator em que o GBC tem trabalhado incisivamente. A construção sustentável e as lideranças das iniciativas privada e pública engajadas despontam como a porta de entrada para a inserção do Brasil na economia do futuro.
Produtos atestados – Avaliação do Ciclo de Vida
Em uma iniciativa ainda pouco praticada no setor, a Votorantim Cimentos obteve em meados de 2016, por meio do sistema internacional EPD (Environmental Product Declarations), declarações ambientais para cinco produtos de seu portfólio – três tipos de cimento, um de concreto e um de argamassa. A possibilidade de avaliar os impactos ambientais dos produtos ao longo de todo o ciclo de vida (Avaliação do Ciclo de Vida), desde a extração da matéria-prima até o destino final, e com asseguração de uma terceira parte, resulta em certificações que garantem transparência ao mercado.
“Esse primeiro passo, que também garantiu à empresa o pioneirismo na obtenção das declarações no setor no Brasil, é parte de um caminho ainda a ser percorrido visando garantir mais ecoeficiência aos produtos que oferecemos ao mercado”, ressalta Fabio Cirilo, consultor de Ecoeficiência da Votorantim Cimentos.
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