Bioconstrução – O Sítio Saramandala está no segundo financiamento coletivo para concluir o seu grande projeto, a Casa de Barro: centro de sustentabilidade.
As doações são a partir de 15 reais e as recompensas vão de oficinas de horta vertical a cursos de bioconstrução.
Desde dezembro de 2015, os dias do gestor ambiental Felipe Toledo e da bióloga Jessica Cubas têm sido rodeados por terra, bambus e sacos de sombrite. As ferramentas são eles que fazem, os cavaletes servem para auxiliar no processo de enchimento dos sacos. Logo, com o auxílio de uma ou mais pessoas, as paredes ganham forma e se transformam em um dos cômodos. O sonho de construir a Casa de Barro: centro de sustentabilidade, localizada no Sítio Saramandala, no interior de São Paulo, continua a todo vapor.
Há um ano, os idealizadores do projeto iniciaram uma campanha para a construção da Casa de barro, sede do sítio. O intuito é que no local aconteçam encontros sobre ecologia, bioconstrução, agroecologia, horticultura orgânica e sustentabilidade. Porém, o dinheiro arrecadado não foi suficiente para cobrir com todos os custos. Agora, eles estão com uma nova ação no site do Catarse para conseguir o que falta para o término da casa. As doações podem ser feitas a partir de 15 reais. “Acreditamos que o financiamento coletivo é a chave para esta nova era, na qual as pessoas levantarão as outras e juntos buscaremos a tão sonhada autonomia, sustentabilidade”, declara Felipe.
A técnica de bioconstrução realizada é a hiperadobe. O método consiste em utilizar sacos cheios de terra para erguer as paredes. O mais interessante é que não é necessário a ajuda de um profissional para desenhar o imóvel, apesar de sempre ser uma boa opção. Além de ser um procedimento de baixo custo, já que usa os recursos locais e naturais, é possível construir a casa do jeito que desejar, basta ter criatividade. Fica a critério de quem está no comando decidir se a habitação será quadrada ou redonda, por exemplo.
Diferente do superadobe, a hiperadobe não emprega o uso de arame farpado como elemento de contenção. Entre as vantagens de arquitetar um projeto com essa técnica, está o fato de a residência ter conforto térmico e boa resistência a chuvas, ventos e desgaste natural. De acordo com Felipe, os 35 centímetros de espessura da parede fazem com que a casa seja muito resistente. “As paredes respiram, filtrando o ar ainda mais e trazendo saúde a quem residir em seu interior”, relata.
Jessica e Felipe optaram por usar a terra do próprio terreno para a construção. Pneus, tijolos ecológicos e bambus também estão entre os materiais aproveitados. “Os gastos maiores são com a fundação, que inevitavelmente utiliza 15% de cimento. E nas janelas, portas e telhados, que precisamos usar madeiras, bambus ou telhas”, esclarece Jessica.
Até agora, já foi estruturado o salão principal, que consiste em uma sala, copa e cozinha esférica. O intuito é cobrir o local com uma estrutura geodésica. Com o dinheiro da nova campanha, serão feitos três dormitórios, com capacidade para 16 pessoas; e três banheiros, os quais serão do tipo seco (dejetos transformados em adubo) ou com tratamento de água local (bacias de evapotranspiração ou biodigestores). “Além disso, ainda estão faltando os acabamentos finos, que é o reboco natural, a pintura com tinta de terra e os telhados, nos quais usaremos bambu e telhas recicladas de tubo de pasta dental. Para o piso, estamos estudando técnicas naturais com barro”, reitera Felipe.
Para que tudo saia nos conformes, os idealizadores contam com o auxílio de diversas pessoas. Todos os meses acontecem mutirões no local, ao todo já passaram mais de 100 participantes do Brasil e do mundo. Segundo eles, a experiência tem sido única e especial. O próximo será em julho, de quatro a 31, a ideia é que consigam terminar a segunda parte da casa. Todos podem se inscrever, porém, como ainda não possuem plantações suficientes para custear a alimentação, criaram pacotes de participação semanal. “Pedimos contribuição para podermos subsidiar a compra de alimentos orgânicos e a cozinheira. Os interessados em participar que não tiverem condições financeiras para nos ajudar, podem entrar em contato conosco para encontrarmos uma solução”, declara Jessica.
O maior sonho da bióloga e do gestor ambiental é saber que suas ações junto ao espaço levem um despertar as pessoas e que essas sementes de seus ideais se espalhem cada vez mais para frutificar. “Queremos que o Sítio Saramandala seja um centro educacional de sustentabilidade, recebendo grupos de crianças a idosos, difundindo técnicas mais amorosas de se interagir com a natureza e o todo”, finaliza Felipe.
*Para conhecer mais sobre o trabalho do Sítio Saramandala entre em contato pelo e-mail sitiosaramandala@gmail.com ou acesse a página do facebook
Imagens: Divulgação / Sítio Saramandala
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