16 de maio, 2017
A crescente demanda energética das instituições conflita, cada vez mais, com a necessidade da adoção de modelos de consumo de energia mais eficientes, sustentáveis e que demandem menos recursos financeiros. Pensando nisso, a Marinha do Brasil (MB), por intermédio do Comando de Operações Navais (ComOpNav) lançou em março deste ano um projeto pioneiro de gestão e eficiência energética, o CON ENERGIA.
Autoridades no lançamento do projeto
O CON ENERGIA tem por objetivo principal a redução de custos da MB com energia elétrica, além da criação de alternativas voltadas para o aprimoramento e a implementação de ações que insiram a Força em um ambiente de gestão inteligente de energia.
Inicialmente, um projeto piloto será implantado na Base Naval do Rio de Janeiro (BNRJ com a parceria de grandes empresas do setor energético brasileiro, tais como a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL) e o Centro de Estudos de Energia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Energia).
Os conhecimentos adquiridos na condução do projeto CON ENERGIA serão aperfeiçoados, disseminados e aplicados no que couber, em toda MB, após a análise dos resultados obtidos nas fases de avaliação e controle.
A análise da Gestão Orçamentária da MB indica que os gastos com energia elétrica em 2016 atingiram um patamar surpreendente, quando comparado com outros gastos fundamentais, como alimentação e combustíveis. Ao todo, foram gastos R$ 134 milhões em faturas de energia elétrica junto às concessionárias com as quais a MB possui contratos.
O alto valor apresentado, por si só, justificaria a tomada de ações para o consumo consciente da energia elétrica. No entanto, além disso, os incentivos aos novos instrumentos que foram criados pelo setor energético nacional tendem a ampliar o uso de soluções eficientes, eficazes e estruturantes para o gestor, onde, por exemplo, a modalidade de contratação de energia, a previsibilidade de custos e a liberdade de escolha dos fornecedores se apresentam como soluções relevantes e devem ser realidades tangíveis.
Aliado a esses fatores está o fato da MB possuir inúmeras Organizações Militares no País, localizadas próximas a rios, lagos e mares com influências de ventos, sol e mar. Tal cenário indica a necessidade de estudos técnicos individualizados compatíveis, que apontem para o potencial das energias renováveis existentes e para o impacto de seus desenvolvimentos nas receitas, para a diminuição de despesas e para o desenvolvimento de novas tecnologias.
O CON ENERGIA encontra-se estruturado em três pilares e para atuar em todos eles haverá a necessidade de realizar obras e de adquirir bens e serviços, obedecendo às fases de planejamento, execução, avaliação e controle, todas previstas nos futuros convênios, contratos e termos de cooperação técnica. São eles:
1) Mercado Livre
O Mercado Livre de energia elétrica ou Ambiente de Contratação Livre (ACL) é um ambiente em que os consumidores podem escolher livremente seus fornecedores de energia, exercendo seu direito à portabilidade da conta de luz. Além disso, os participantes podem negociar livremente todas as condições comerciais, como fornecedor, preço, quantidade contratada, período de suprimento e condições de pagamento, entre outras condições;
2) Eficiência Energética
O conceito de Eficiência Energética consiste em primeiro, realizar o diagnóstico do consumo, identificando aqueles utilizadores que mais oneram a conta e, em seguida, realizar um conjunto de medidas que reduzam a quantidade de energia consumida, como substituição de equipamentos, alteração do regime de funcionamento, etc; e
3) Geração Distribuída
A Geração Distribuída é a produção de energia elétrica por meio de tecnologias de pequena escala conectadas diretamente no sistema de energia elétrica de distribuição, sem a necessidade de extensas redes para sua transmissão. Esse mecanismo pode gerar excedentes energéticos comercializáveis que podem ser utilizados em unidades consumidoras diferentes das instalações do consumidor final.
Com este projeto pioneiro, a MB espera, em curto prazo, uma redução aproximada de 25% de gastos com o consumo de energia elétrica após o inicio da execução do CON ENERGIA, considerado somente o primeiro pilar – Mercado Livre de Energia. Os outros pilares podem contribuir com mais 25%, dependendo do tamanho da iniciativa empreendida, tanto em Eficiência Energética, como em Geração Distribuída.
Os outros resultados esperados são: a gestão elétrica eficiente, o desenvolvimento de novas tecnologias, a previsibilidade orçamentária e, como ápice da execução do Projeto, a busca pelo alcance da auto-suficiência energética.
O direcionamento para o mundo da Eficiência Energética e das energias renováveis coloca a MB em posição de destaque no âmbito do desenvolvimento energético do País. O CON ENERGIA torna-se uma ação de vanguarda e uma iniciativa alinhada com soluções de alto nível para a resolução do problema no âmbito da MB. O pioneirismo do Projeto, ao aplicar o modelo de gestão de energia apresentado no âmbito das Forças Armadas, coloca a iniciativa na posição de vitrine para outras instituições.
É importante observar que a redução de gastos com energia elétrica não implicará em redução das atividades desenvolvidas dentro da Força, uma vez que, as medidas de gestão inteligente atreladas ao uso de novas tecnologias permitirão alcançar resultados surpreendentes, sem prejudicar as tarefas hoje desenvolvidas.
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Via Marinha do Brasil