No Ceará, há 27 mini usinas distribuídas em oito municípios diferentes, que abastecem 90 unidades.
Com um mercado ainda incipiente em todo o Brasil, o uso de mini aerogeradores para Geração Distribuída de energia ainda não é tão conhecido. A produção de energia eólica em casa tem um funcionamento igual ao de grandes parques eólicos, no entanto, com um tamanho reduzido.
A tecnologia pode ganhar novos adeptos, assim como acontece com a energia solar, com o custo alto da energia elétrica em todo o País, consequência da crise hídrica e do uso das termelétricas.
De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) fornecidos pelo Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico no Ceará (Sindienergia-CE), de 2008 a 2021 o Ceará conta com 27 mini usinas em oito municípios, as quais abastecem 90 unidades, já que uma usina pode fornecer energia para mais de uma residência.
O coordenador do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Ceará (UFC), Raphael Amaral, explica que o funcionamento é bem semelhante aos aerogeradores de grande porte.
“A diferença é que tem que ser adaptado ao perímetro urbano, por isso não são tão difundidas quanto a energia solar”.
RAPHAEL AMARAL professor de Engenharia Elétrica da UFC
“Funcionam da mesma maneira e tem os mesmos componentes. Tem um sistema de pás que absorve a energia dos ventos, transforma em movimento e aciona um gerador que disponibiliza energia elétrica de diferentes maneiras para a unidade”, acrescenta o engenheiro mecânico Luiz César Sampaio.
Para que o sistema funcione, é necessário que seja usada alguma tecnologia capaz de transformar a energia captada de modo a ser utilizada como elétrica, conforme explica Sampaio, também diretor e fundador da Enersud, empresa que atua com aparelhos de geração distribuída para residências.
“Uma dessas formas é pegar a energia e passar para um dispositivo chamado inversor, que vai transformar essa energia. Isso vale tanto para os pequenos sistemas quanto para os grandes. Com essa tecnologia é possível injetar na rede da sua casa e mesmo exportar para a rua”.
Há também um sistema mais tradicional, conhecido como off grid. Neste, são usados acumuladores, ou seja, baterias que armazenam a energia na hora em que o vento está mais forte. A energia é “guardada” na bateria e ela, por meio de um outro tipo de inversor, faz a transformação para ser utilizada.
“Essa energia gerada a partir da bateria normalmente não pode ser injetada na rede, tem que ser usada isolada, então é muito boa pra casas isoladas, sistemas isolados. Tem propriedades que faltam luz com frequência e, neste sistema eólico, você pega a energia gerada pela turbina, guarda na bateria e no momento que precisar ela tá lá disponível”, aponta Sampaio.
Outra opção é usar apenas a turbina e, com dispositivos eletrônicos que custam menos de R$ 10, alimentar direto postos de iluminação e redes. “Você pega a energia direto da turbina e distribui para determinados usos, porém, a condição é que tenha um vem bem constante, além disso, a aplicação é mais simples”.
Legenda:Sistemas são mais indicados para áreas de terrenos
Foto: Divulgação/Enersud
De acordo com Sampaio, as turbinas eólicas são mais úteis nas aplicações off grid. Contudo, para decidir se é vantajoso, é preciso avaliar as condições ambientais nas quais a residência está instalada, uma vez que é necessária uma boa circulação de ventos para que o sistema seja acionado.
Por isso, uma recomendação do engenheiro é complementar o sistema eólico com o solar, de modo a garantir um fornecimento completo de energia elétrica a partir de produção por fontes renováveis.
“O sistema solar sofre muito com a drenagem que ele sofre à noite, quando não tem sol. A eólica, por sua vez, aumenta o tempo de autonomia da energia. Em locais que o vento é muito bom, você pode usar a geração eólica sozinha, já em locais que tem muita nebulosidade, ambas se complementam”.
LUIZ CÉSAR SAMPAIO engenheiro mecânico
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O coordenador da Engenharia Elétrica da UFC pontua também que o sistema eólico apresenta algumas inconveniências. “Tem o ruído e o fato de ter uma manutenção mais frequente por conta das partes móveis. É uma opção mais vantajosa para quem tem terrenos grandes”.
Os custos para a instalação de um sistema eólico variam conforme a potência desejada, que podem ser de 500 W até 6 mil W, com preços de R$ 2,7 mil até R$ 50 mil.