Um sistema de bateria que cumpra esta função não é novidade, mas um que seja integrado à rede elétrica, plug & play, discreto, de longa duração (garantia de 10 anos), compacto e com preço competitivo é o que faz do anúncio da Powerwall ser um marco para impulsionar os sistemas de armazenamento de energia.
Um módulo simples para uso residencial terá de 7 a 10 KWh de capacidade, o que permite manter uma casa média com todos os utensílios domésticos e equipamentos (TV, computador etc) em funcionamento normal, por quase um dia inteiro. O custo deverá ser de U$ 3 mil a US$ 3500 e, como tem garantia de 10 anos, significa menos de US$ 1 por dia. E este preço só tende a cair conforme a produção ganhe escala.
Com base na mesma tecnologia, a Tesla produzirá também módulos de 100 Kwh que se assemelham ao tamanho de um refrigerador pequeno. Eles também podem ser combinados em série multiplicando-se de forma quase ilimitada. Com dois mil módulos, que ocupariam uma área de dois mil m2 (ou uma fração de um quarteirão), seria possível armazenar energia solar para manter uma cidade de 150 mil habitantes.
Os módulos de armazenamento serão produzidos numa gigantesca fábrica no estado de Nevada que será a maior fábrica de baterias do mundo e será toda abastecida com energia solar e eólica.
O Powerwall está para a energia solar como o Iphone esteve, em 2006, para o setor de telefonia e internet móvel. Abrirá uma avenida de possibilidades.
Já é possível identificar algo que poderíamos chamar de efeito Elon Musk. Este empreendedor sul-africano de 43 anos tem se aventurado com extremo sucesso em áreas tradicionalmente muito conservadoras como transporte espacial (SpaceX), energia (SolarCity) e automóveis (Tesla), a partir de uma visão extremamente arrojada e ambiciosa de como um mundo melhor pode e deve ser construído.
O início da apresentação do PowerWall, na semana passada, foi bastante marcante: a imagem de uma termoelétrica com muita poluição mostrou a situação atual. Eis a justificativa para criar um sistema de baterias é tornar viável a utilização de energia solar e eólica 24hs por dia e viabilizar o fim da era dos combustíveis fósseis.
Elon mostrou que a ambição de escala é viável – “com dois bilhões de módulos de 100 Kw somos capazes de manter a energia solar constante para todo o consumo do planeta. Parece muito? Temos dois bilhões de veículos automotores rodando no planeta e renovamos a frota a cada 20 anos, porque não podemos produzir 2 bilhões de baterias com este propósito?”.
A gigafábrica da Tesla, em construção em Nevada, pode produzir algumas centenas de milhares de módulos de 100 Kw/ano, ou seja, seria necessário algumas dezenas de fábricas como esta para um desafio deste tamanho. E, por isso, Elon indicou que a gigafábrica também se transformará em um produto de forma que possa ser reproduzida em outros cantos do planeta. Para completar, reafirmou o compromisso de manter todas as patentes da Tesla abertas para que possam ser utilizadas, inclusive por concorrentes.
Nos próximos anos, veremos pipocar dezenas de inciativas que vão acelerar as inovações no setor de armazenamento de energia e no preço destes equipamentos, da mesma forma que haverá uma corrida na indústria de equipamentos para produzir equipamentos muito mais eficientes.
Há dez anos, quando foi lançado, o Iphone parecia um produto destinado à elite. Hoje, os smartphones sãoonipresentes e massificaram o acesso à internet móvel. Em dez anos, é bem possível que ter um sistema de armazenamento de energia nas casas, empresas e cidades, será tão comum quanto é hoje um smartphone.