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AUTOPRODUÇÃO DE ENERGIA PELO CONSUMIDOR FINAL MUDA PERFIL DE DISTRIBUIDORAS

23 de janeiro, 2018

De maneira silenciosa vem ocorrendo no Brasil uma revolução quanto ao cenário de distribuição de energia.

Isso se dá pela crescente da geração distribuída de energia (autoprodução), principalmente por parte de instalações de usinas fotovoltaicas, as que usam energia solar como fonte primária.

A atualização da Resolução 482/2012 pela Resolução 687/2015 pela Agencia nacional de energia elétrica (Aneel) flexibilizou algumas normas, o que trouxe um crescimento considerável desse tipo de ligação às redes de distribuição, sendo que das 12.363 UNIDADES CONSUMIDORAS COM GERAÇÃO DISTRIBUÍDA, 12.241 são de Usinas Fotovoltaicas (UFV), ou seja, 99% da geração, totalizando quase 98 Mega Watt de potencia instalada advindos somente desta fonte.

autoprodução de energia

Segundo Mario Menel, presidente da Associação Brasileira de Investidores em Autoprodução de Energia (Abiap), esse crescimento vai se destacar na matriz elétrica, o que acarreta na necessidade desde já, de um debate com vistas a se desenvolver um planejamento em face das mudanças que hão de vir.

Menel cita que o monopólio de comercialização de energia por parte das empresas de distribuição deixará de existir.

“A evolução tecnológica vai levar para que a gente tenha uma separação. A parte de comercialização fica com uma determinada empresa, ou várias empresas, e a parte de fio, para você não ter dois postes concorrendo, vai continuar com um monopólio”, explica.

Já para o diretor do Departamento Energético do Ministério de Minas e Energias, Carlos Alexandre Pires, é necessário associar o estímulo para geração distribuída a mecanismos legais que garantam a manutenção do sistema de distribuição, inclusive para que a complementação da energia gerada pelo consumidor chegue até ele.

“Isso está acontecendo em todos os lugares do mundo, onde a energia eólica e a solar estão ganhando importância, porque ao extremo você não teria distribuidora de energia.”

Em países como Portugal esse modelo que separa distribuição e comercialização de eletricidade já é uma realidade, explica Mário Menel.

“Mesmo que você não queira colocar energia no seu telhado, você escolhe o seu fornecedor de energia. E esse fornecedor, que é uma empresa com expertise em colocar, olha para o seu caso e diz: eu vou botar o painel em cima do teu telhado e você vai comprar energia de mim, mas essa energia é minha”, projeta.

Para ele, o caminho é inevitável.

“São arranjos comerciais que vão surgindo em função do avanço tecnológico, que não tem como você ser contra”, afirma.

No cenário nacional os grandes consumidores como redes de hotelaria e indústrias já escolhem seus fornecedores de energia elétrica.

A tendência, tendo em vista o grande crescimento da geração distribuída e que, para os próximos anos este modelo chegue também aos consumidores residenciais, explica o presidente da Abiap.

Para que a transição entre os modelos ocorra de forma tranquila, ele explica que é necessário haver planejamento desde agora.

“Não podemos esquecer que quem lastreou a expansão do sistema como nós conhecemos hoje, em contratos de longo prazo, foram as distribuidoras, o mercado cativo. Agora vão deixar de lastrear, então, o sistema financeiro vai ter que entrar no setor elétrico e oferecer produtos que nos deem capacidade para financiar essa expansão.”

Atualmente, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é o único que financia o setor elétrico brasileiro, com linhas de crédito de até 80% para energia fotovoltaica (solar), por exemplo.

Devido a projetos de eficiência energética no Ministério de Minas e Energia e na Aneel, desde o ano passado, a geração de energia a partir de fontes não renováveis não está mais entre as opções de financiamento para o setor.

No entanto, para Mário é necessário ir além e atrair outros bancos, criando um funding, ou seja, uma captação de recursos para investimento, que poderá ser saudável para o setor.

“Naturalmente, isso vai implicar em custos reais. Pode ter um aumento no começo? Pode. Mas a competição acaba diminuindo os custos.”

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