12 de maio, 2018
Sabemos que existem diversos tipos de alimentos e que cada um deles age de forma diferente em nosso organismo. Isso se dá tanto pela sua composição nutricional, quanto pela maneira com que estão disponíveis para o nosso consumo, ou seja, se são puros (in natura) ou se passaram por algum processamento antes de serem ofertados.
Por isso, pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) entrevistaram o epidemiologista Carlos Monteiro, da Faculdade de Saúde Pública, o qual desenvolveu uma nova classificação dos alimentos, que recebeu o título de NOVA e é dividida em 4 grupos:
1º grupo – Alimentos in natura ou minimamente processados:arroz, feijão, hortaliças, frutas, leite pasteurizado, carne congelada ou fresca, ovos, batata, mandioca, etc. Ou seja, esse grupo é formado por alimentos que saem da natureza e recebem ou não algum tipo de processamento como secagem e moagem.
2º grupo – Alimentos que contenham ingredientes culinários processados: gorduras (óleo, azeite, manteiga), sal, azeite e vinagre, que são substâncias retiradas de alguns alimentos ou da natureza (sal) e são utilizados para temperar, preparar e cozinhar os alimentos do primeiro grupo.
3º grupo – Alimentos processados: Produção industrial que combina ingredientes do primeiro grupo com o do segundo. Por exemplo, utilizando o leite do primeiro grupo, com o sal do segundo grupo, produz-se o queijo. Dentre outros exemplos de alimentos do 3º grupo também foram citados o pão e a geléia de frutas.
4º grupo – Alimentos ultraprocessados: Trata-se de uma invenção da tecnologia alimentar e, segundo o pesquisador Carlos Monteiro, não tem nada a ver com os outros grupos, pois não tem como base um alimento. Os alimentos ultraprocessados são formulações de amido, gorduras, sal, açúcar e proteínas extraídas de alguns outros alimentos, como da soja por exemplo, e muito aditivos (corantes, texturizantes e aromatizantes). Além disso, são produtos de baixo custo e os aditivos fazem com que esses alimentos tornem-se palatáveis ou até mesmo hiperpalatáveis (saborosos, agradáveis ao paladar). Ou seja, são produtos apreciados pelas pessoas devido à cor, textura e sabor, que são colocados artificialmente pelas indústrias para atrair as pessoas, mas que possuem pouquíssimo alimento integral.
Nessa mesma entrevista, Carlos comenta sobre a percepção que eles tiveram sobre os resultados das pesquisas do IBGE, que apontam que as pessoas estão comprando cada vez menos sal, óleo e açúcar, alimentos que são associados às doenças crônicas (doenças cardiovasculares, diabetes, doenças respiratórias e câncer). Porém essas doenças crônicas continuam aumentando e, mesmo assim as pessoas estão consumindo cada vez mais sal, óleo e açúcar, o que contradiz o primeiro resultado da pesquisa do IBGE e causou estranhamento aos pesquisadores da USP.
A explicação para isso se deu pelo fato das pessoas estarem comprando cada vez mais alimentos ultraprocessados: embutidos, barrinhas de cereal, cereais matinais, macarrão instantâneo, sopas instantâneas, temperos instantâneos e comida congelada. Com isso surgiu a necessidade de entender o que estava acontecendo com a alimentação das pessoas, o que deu origem ao projeto NutriNet Brasil.
Esse projeto consiste em um grupo de médicos especialistas nas doenças crônicas mencionadas, que irão acompanhar um grupo de voluntários por um período de 10 anos. Os voluntários serão monitorados por meio de um aplicativo, que enviará alertas de questionários curtos a serem preenchidos pelos participantes. Com isso, após o prazo de 2 anos, o grupo de médicos envolvidos será capaz de testar a relação das doenças crônicas com os alimentos ultraprocessados.
Inicialmente pretende-se estudar a incidência de obesidade, diabetes e hipertensão, que são fatores de risco para as doenças crônicas e, posteriormente os médicos poderão estudar as doenças cardiovasculares e os tipos de câncer que estão relacionados à alimentação.
Essa pesquisa encontra-se na página do canal de Ciências da USP no Facebook, onde também são mencionados os links para outros vídeos sobre a NOVA, bem como o Guia alimentar para a população brasileira do Ministério da Saúde.
Isso indica um avanço enorme na preocupação com a saúde de fato e não com o lucro dessas indústrias alimentícias que não se preocupam nem um pouco com a saúde das pessoas. Essa preocupação com a relação entre os alimentos e o aumento de doenças crônicas vêm sendo muito discutida entre médicos funcionais em oposição a muitos médicos tradicionais. Boa parte dos médicos tradicionais hoje em dia infelizmente ainda defendem o tratamento de doenças com remédios, o que vai “alimentar” outra indústria: a farmacêutica.
Claro que existem exceções e existem muitos médicos tradicionais que continuam se atualizando, estudando e abrindo a mente para as novas descobertas, mas infelizmente nem todas as pessoas têm acesso a estes e acabam ficando desinformadas sobre essas novas descobertas. Por isso é necessário estudar, pesquisar, buscar informação e não se conformar com apenas uma opinião.
Existem ainda pessoas que, por mais que sejam alertadas sobre a influência dos alimentos ultraprocessados com o aparecimento das doenças crônicas, não conseguem abandonar certos “vícios alimentares”, mas mal sabem elas que esses “vícios” são causados justamente por causa dos aditivos colocados nos alimentos industrializados.
Por isso, vamos ter mais consciência do que ingerimos e do que cada alimento é capaz de fazer para o nosso corpo. Pesquise, aprenda e não coma só por comer, seja por ansiedade ou simplesmente para “matar” a fome. Pense em que tipo de “combustível” você quer dar para o seu corpo e no quanto a ingestão de nutrientes e alimentos saudáveis poderá te livrar de muitas doenças no futuro!
Lembre-se: Desembrulhe menos e descasque mais… Saúde!
Via greenMe por Eliane Oliveira