Era previsível: assim como bactérias estão se tornando resistentes a antibióticos, ervas daninhas seguem o mesmo roteiro em relação a defensivos agrícolas. É o caso de uma planta de folha larga encontrada em campos de milho e soja em todo o Meio-Oeste dos Estados Unidos, na qual um número crescente de herbicidas comuns já não está surtindo efeito. O caso foi pesquisado na Universidade de Illinois (EUA), e o estudo resultante foi publicado no fim de maio na revista “Weed Science” e abordado na revista “Cosmos”.
Antigamente, a planta Amaranthus tuberculatus era neutralizada por agrotóxicos de nove das 16 classes desses produtos (conhecidas pelo seu modo de ação, ou MOA) que podem ser aplicadas nas culturas agrícolas pela legislação americana. Agora, esse número parece ter sido reduzido a dois.
Adam Davis e seus colegas da Universidade de Illinois documentaram a resistência dessa erva a uma classe de herbicidas conhecida como Grupo 15. “Em algumas áreas, estamos a um ou dois MOAs de perder completamente o controle químico da Amaranthus tuberculatuse de outras ervas daninhas resistentes a herbicidas múltiplos”, diz Davis. Para piorar o quadro, há 30 anos não surgem novos MOAs.
A equipe verificou a eficácia dos herbicidas do Grupo 15 aplicados no solo em testes de campo e depois com um teste de resposta à dose na estufa. Em alguns casos, eles aplicaram muito mais do que a dose indicada e ainda notaram resistência.
Aaron Hager, coautor do estudo, suspeita que o problema relativo à Amaranthus tuberculatus seja de resistência metabólica: a erva pode decompor os produtos químicos do herbicida antes que eles lhe causem danos. Ele acrescenta: uma vez que entramos na era da resistência metabólica, nossa “previsibilidade é virtualmente zero”.
“Não temos ideia de a que essas populações são resistentes até que as tenhamos sob condições controladas”, observa Hager. “É apenas mais um exemplo de como precisamos de um sistema mais integrado, em vez de confiar apenas na química.”