09 de abril, 2016
Foto: Patrick/Flickr-CC)
Um terço das emissões de dióxido de carbono tem origem na queima de carvão. Isso significa que a indústria carbonífera representa, atualmente, a maior ameaça ao planeta, que precisa conter o aquecimento global imediatamente. Um novo estudo publicado pelo Greenpeace evidencia mais um efeito negativo do uso do carvão: o enorme consumo de água.
A indústria carbonífera produz quase 40% da energia mundial, e ainda são projetadas a construção de centenas de outras usinas para os próximos anos. Segundo o Greenpeace, governos estão falhando em gerir o uso sustentável da água por permitir que as centrais de elétricas a carvão continuem explorando esse recurso sem avaliar as consequências ambientais.
Usinas de energia movidas a carvão, sozinhas, consomem 19 bilhões de metros cúbicos de água doce por ano globalmente. Isso significa que, anualmente, as 8,359 usinas do mundo consomem água suficiente para atender às necessidades básicas de mais de 1 bilhão de pessoas. Se adicionado a quantidade de água usada para minerar hulha e lenhite, o número sobe para 22,7 bilhões de metros cúbicos de água por ano, suficiente para suprir 1,2 bilhões de pessoas.
(Foto: Emilian Robert Vicol/Flickr-CC)
Para ajudar a entender a quantidade gasta, a análise do Greenpeace afirma que uma usina de energia de 500 MW, uma vez utilizando o arrefecimento, pode retirar a quantidade suficiente de água para esvaziar uma piscina olímpica a cada três minutos.
“Esse estudo pioneiro deve servir de alerta para todos os planejadores de recursos, já que ilustra claramente a necessidade de uma ação urgente para integrar água e planejamento elétrico”, afirma o documento. “A verdade é que, quando se trata de energia, nós temos alternativas, muitas delas sem envolver o uso intensivo de água.”
Em muitos países, essa indústria vem criando uma das maiores demandas de água doce. Quase um quarto das usinas existentes ou projetadas estão em áreas que já sofrem da retirada em excesso de água devido a alta demanda do recurso para vários fins. O estudo apresenta casos em que a expansão do uso do carvão gera conflitos em países como África do Sul, Índia, Turquia, China e Polônia.
A Índia, por exemplo, já começa a percorrer esse caminho. Em 2014, a Suprema Corte cancelou 214 alocações de carvão feitas entre 1993 e 2010 após a Controladoria e a Auditoria-geral descobrirem que as alocações haviam sido concedidas sem uma licitação competitiva. Conforme informações da UNEP, com diversos incentivos, e uma diretiva implícita do governo, companhias do setor público indiano estão buscando investir agressivamente em infraestrutura de energia renovável, e dispostas a comprar painéis solares e outros equipamentos de companhias da Índia ao invés de importar de outros países.
Via TheCityFixBrasil