04 de maio, 2016
Como evitar o desperdício alimentar? Se 805 milhões de pessoas passam fome no mundo, 30% dos alimentos que são produzidos todos os anos, a nível mundial, não são consumidos, segundo dados das Nações Unidas. Os números do desperdício de alimentos são alarmantes e vários passos têm sido dados para combatê-lo. A Itália segue os passos da França e dá o exemplo ao aprovar uma lei que facilita a doação de alimentos por parte de lojas e supermercados.
Atualmente, o desperdício de alimentos custa ao estado italiano cerca de 12 bilhões de euros por ano. De acordo com o The Telegraph, esta proposta recebeu o apoio de vários partidos. De acordo com Maurizio Martina, ministro da Agricultura italiano, “consegue-se recuperar atualmente 550 milhões de toneladas de alimentos, por ano, mas queremos atingir o dobro em 2016”. O nosso lema é “doar em vez de desperdiçar”.
No entanto, ao contrário dos franceses, que vão aplicar uma multa aos supermercados que jogam comida no lixo desnecessariamente, que pode chegar aos 75 mil euros, os italianos estão apostando na premiação das doações alimentares. Para Maria Chiara Gadda, deputada do Partido Democrático, que apresentou o projeto de lei, “punir quem desperdiça comida não é útil: o que pretendemos é encorajar as doações”, disse.
Assim, o Estado italiano propõe-se a diminuir a taxa de impostos sobre o lixo, redução essa que será proporcional à quantidade de alimentos doados. O vídeo abaixo da Galileu mostra o escandaloso volume de alimentos que são desperdiçados no Brasil e no mundo todo ano. Durante 99% da história humana, a produção de alimentos nunca foi desperdiçada como é agora pois no passado era muito mais difícil produzi-la.
Menos burocracia
Esta medida tem como principal objetivo acabar com a burocracia existente no sistema italiano, uma vez que um estabelecimento que queira fazer uma doação de alimentos tem de avisar com mais de um mês de antecedência a sua intenção. A proposta que está a ser debatida pretende que as doações sejam controladas mensalmente.
Outra intenção desta lei é alterar algumas regras em relação a alguns alimentos, de modo a autorizar a sua doação, mesmo depois de ter sido ultrapassado o prazo de validade. O investimento de um milhão de euros anuais no desenvolvimento de novas embalagens para acondicionar comida, ao longo dos próximos três anos, é outra medida incluída na proposta de lei.
Paralelamente, está a ser financiada uma campanha, também no valor de um milhão de euros, para estimular os clientes a pedirem as sobras das suas refeições nos restaurantes. A campanha foi testada em Veneza, no ano passado, e já ganhou adeptos em França.
Dinamarca e Portugal
Enquanto os governos de Itália e França tomam medidas para evitar o desperdício alimentar, na Dinamarca foi a Organização Não Governamental WeFood que tomou uma posição ao promover um crowdfunding, que possibilitou a abertura do primeiro supermercado de excedentes alimentares do mundo. Situado em Copenhaga, neste local são apenas vendidos alimentos fora do prazo de validade ou cujas embalagens estejam danificadas, com descontos nos preços entre os 30 e os 50%.
Em Portugal, calcula-se que cerca de um milhão de toneladas de alimentos sejam desperdiçados por ano. Há, no entanto, várias organizações que se têm lutado pela redução do desperdício como é o caso da Re-Food, do movimento Zero Desperdício e do projeto Fruta Feia.
Starbucks vai doar 100% dos alimentos não vendidos aos necessitados
Através de uma nova iniciativa brilhante, a Starbucks comprometeu-se a doar 100% dos seus alimentos não vendidos aos necessitados. O anúncio foi feito no início desta semana, em uma parceria com a Feeding America, uma organização sem fins lucrativos e a Food Donation Connection. Este avanço permite que a enorme corporação possa doar todo alimento perecível e refeições aos bancos de alimentos em todo o país.
De acordo com a Feeding America, 1 em cada 7 pessoas são afetadas por problemas de fome, mas um número estimado de US $ 98,89 bilhões em alimentos são desperdiçados a cada ano nos Estados Unidos. A iniciativa da Starbucks espera ajudar a mudar esses números.
As duas organizações colaboradoras vão recolher os itens alimentares provenientes da Starbucks em vários locais ao redor da América em vans refrigeradas e entregar as refeições para as agências de doação e bancos de alimentos. Todo o processo desde a recolha na loja até chegar aos necessitados será concluído em menos de 24 horas. Tudo isso foi feito pela iniciativa privada.
Escandinávia lança seu primeiro supermercado de embalagem zero
Em 2014, um novo supermercado de alimentos em Berlim chamado Original Unverpackt abriu suas portas ao público, oferecendo aos clientes uma variedade de produtos e alimentos sem embalagem. Seu objetivo? Eliminar o lixo antes de ser criado. A tendência “pre-cycling” parece estar se espalhando por toda a Europa segundo o site Food Tank, pois uma loja de concepção semelhante chamada LØS Market abrirá em Copenhague, na Dinamarca neste verão.
A LØS Market planeja vender 400 produtos orgânicos de agricultores e fornecedores de origem local. Os clientes não vão levar os alimentos para casa em uma sacola de plástico. Em vez disso, eles vão colocá-los em seus próprios recipientes trazidos de casa, e usar garrafas vazias oferecidas gratuitamente pela loja para líquidos, como vinho, azeite e sabão. Quando os compradores tiverem esvaziado as garrafas, elas podem ser devolvidas para serem lavadas no LØS Market e ficar disponível aos novos clientes da loja. Para os produtos secos, estarão disponíveis sacolas de papel compostáveis.
Sendo o primeiro supermercado de embalagem zero da Escandinávia, o objetivo do LØS Market é ajudar a reduzir os 156 Kg de resíduos de embalagens produzidos por pessoa a cada ano na União Europeia. Os americanos geraram cerca de 251 milhões de toneladas de lixo em 2012 e reciclaram ou compostaram apenas 87 milhões de toneladas do mesmo. Imagine a quantidade de novos produtos que poderiam ter sido criados reciclando essa matéria prima, evitando o desperdício de água, energia e matéria prima que foram gastos para fabricá-los? A economia circular está aí para isso.
Via Stylo Urbano por Renato Cunha / fonte: Sapo24