Em Florianópolis, metade do peso dos resíduos sólidos coletados é pura matéria orgânica, e este lixo representa em números 85 mil toneladas geradas pela cidade todos os anos. Como acontece na maior parte dos municípios brasileiros, vários desses resíduos ficam expostos nas ruas e lixeiras por um longo período até que sejam recolhidos pelo serviço de coleta da prefeitura, fazendo com que diversos pontos de Florianópolis se transformem em ambiente propício pararatos, baratas e doenças. Essa era a realidade até o surgimento da Revolução dos Baldinhos.
No de 2009, a situação ficou tão crítica que desencadeou um surto de leptospirose na comunidade do Monte Cristo, região continental da cidade, e levou o Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (Cepagro), e uma parcela dos moradores a adotarem estratégias de prevenção, surgindo assim, oprojeto Revolução dos Baldinhos.
O projeto tem esse nome porque a comunidade, que antes jogava o lixo orgânico em sacolas plásticas e deixava nas calçadas, agora separa o lixo em baldes. Baldes estes que são levados com o conteúdo para o quintal de uma escola no Monte Cristo e lá são feitas cinco leiras de compostagem, com capacidade de produzir 2 toneladas de adubo, sendo que uma parte é doada aos moradores e a outra metade é vendida.
“A gente percebe que há um grande desperdício de comida. Coletamos, damos valor e devolvemos às famílias para que elas possam plantar alimentos saudáveis nos quintais de casa”, conta Ana Karolina da Conceição, coordenadora do projeto.
A expansão da Revolução dos Baldinhos fez com que o projeto abraçasse novas causas. “Na comunidade tem muita fritura de salgadinho. Daí, começamos a recolher o óleo. Com ele fazemos sabão com ervas medicinais, como babosa e arruda”, esclareceu Gisele França, integrante do projeto.
Seis anos após a implantação do projeto, a busca agora é por meios para regularizar suas atividades junto ao poder público. “Pretendemos formalizar uma associação até o final de agosto. Cada tonelada de todo o material misturado levado ao aterro sanitário custa R$ 131,00, por isso a gente gostaria de umaremuneração pelas toneladas que já tiramos de dentro do bairro. Em seis anos foram aproximadamente 850 toneladas de resíduos orgânicos. Também é uma maneira de dar mais oportunidade aos moradores do bairro que gostariam de trabalhar com a gente” completa Ana Karolina.
Nada mais justo do que reconhecer e recompensar um trabalho tão inovador e que ajuda Florianópolis a ficar um pouco mais linda do que já é, e ainda por cima contribui com o meio ambiente.
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