Preocupação com reciclagem deu fama mundial à Nantucket, em Cape Cod. Comunidade acabou com desperdício e passou a reaproveitar até as casas.
Nova Inglaterra foi a região que empurrou os Estados Unidos para o desenvolvimento e hoje atrai gente em busca da simplicidade. Americanos que escolheram viver isolados, sem eletricidade nem água encanada, mas que estão cercados pela beleza das dunas – e diante de um santuário, onde as baleias se exibem em busca de alimentos.
A viagem da equipe do Globo Repórter começa em Cape Cod – um pedaço de terra em forma de braço que invade o oceano. Foi no ponto extremo de Cape Cod que surgiu a cidade de Provincetown. Quando os artistas descobriram a cidade, ela virou um dos lugares mais irreverentes e coloridos da costa americana – uma cidade onde o ideal de igualdade vale pra todos, onde os casais passeiam de mãos dadas sem receber olhares atravessados. As famílias são iguais mesmo se as crianças têm dois pais ou duas mães. E o cartaz na igreja faz questão de frisar: todos são bem-vindos.
Há mais de 300 anos uma das riquezas da economia da região está no mar: milhares de baleias eram caçadas nos séculos 18 e 19 na região. Hoje elas continuam gerando fortunas, mas de outro jeito. A costa de Provincetown é um dos dez melhores pontos de observação de baleias do planeta. A área se tornou um santuário marinho.
Ilha de Nantucket é famosa por reciclar 90% de tudo o que produz
Nantucket é uma pequena ilha ao sul de Cape Cod, uma espécie de ilha da fantasia frequentada por milionários, endereço das casas mais caras dos Estados Unidos.
Mas o que deu fama mundial ao balneário de luxo foi o lixo: a ilha recicla 90% de tudo o que produz. Os caminhões da coleta seletiva passam duas vezes por semana, mas muitos moradores fazem questão de entregar o lixo no centro de coleta. Tudo o que é reciclável é comprado por empresas de fora da ilha. O material orgânico vira adubo, enquanto o antigo aterro sanitário vai encolhendo. Tratores garimpam pequenos objetos na montanha de lixo, que deve sumir em dez anos.
O diretor do centro de reciclagem explica que a mudança começou com a decisão do governo de acabar com o aterro. Como ia ficar muito caro mandar todo o lixo para fora, a saída foi obrigar os moradores a reciclar. A multa para quem desobedece começa em US$ 500, cerca de R$ 2 mil. Mas reciclar virou hábito.
Muita coisa que iria para o lixo fica na ilha, mas por opção dos próprios moradores. E tudo começa num lugar que eles chamam de shopping center. É um shopping onde ninguém gasta dinheiro: um centro de troca de coisas usadas. O lugar recebe gente de todas as classes sociais e, para levar algum produto, nem precisa trazer outro.
Reciclagem é levada tão a sério até casas são recicladas em Nantucket
Morar numa casa que já foi de outra pessoa é comum – mas já imaginou morar numa casa que ficava em outro lugar? Lá, eles levam reciclagem tão a sério que reciclam até as casas. Um casarão de dois andares e quatro quartos já teve outro endereço: ficava num terreno a 8 km de distância. O dono queria construir outra casa no lugar e doou a antiga para uma instituição de caridade.
Mark e Phyllis compraram a casa por um preço bem abaixo do mercado. De tão grande, foi preciso cortar a casa em dois pedaços e levantar a fiação para ela passar. Uma reforma deixou tudo com cara de novo. E o custo total saiu por US$ 400 mil, cerca de R$ 1,6 milhão – metade do que custaria uma casa nova. Um bom negócio para todo mundo.
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