Há tempos que as críticas e denúncias contra o isopor são divulgadas pelo planeta, um material que é tão atraente para os negócios quanto tóxico ao meio ambiente.
O isopor surgiu em 1941, pela Dow Chemical (EUA). Para sua confecção, pequenas quantidades do polímero poliestireno são misturadas com produtos químicos que promovem auqecimento, fazendo com que se expanda 50 vezes do seu tamanho original, após o que ocorre o resfriamento. A massa resultante é então colocada em moldes (copos, bandejas e embalagens diversas), passando por um novoprocesso para expandir ainda mais, até que o molde seja totalmente preenchido e as contas (“bolinhas”) se fundirem. O produto final é leve, barato – 95% de sua composição é ar. Suas propriedades isolantes e seu baixo custo tornaram o isopor uma escolha atraente nos negócios.
Isopor já está proibido em Nova York, dentre outras
Desde 01 de julho deste ano, restaurantes ou empresas novaiorquinas tem 6 meses para se adaptar. A partir de fevereiro, quem vender, oferecer ou possuir embalagens, copos ou pratos feitos do material, serão multadas.
Por que ele é tão prejudicial ao meio ambiente?
O isopor ocupa uma pequena parcela de todo o lixo produzido. Há uma estimativa de que nos Estados Unidos 25 bilhões de copos de café de isopor são jogados no lixo por ano, enquanto, por exemplo, as sacolas plásticas descartadas anualmente chegam a 100 bilhões. Em Hong Kong, 135 toneladas de produtos de isopor foram despejadas em lixões em 2006, o que representou menos de 5% de todo o lixo plástico descartado no país.
Mas, apesar de representar uma parcela pequena, a ameaça maior é quando o isopor chega ao mar. Segundo Douglas McCauley, professor de biologia marinha da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, há dois problemas causados pelo isopor para os animais marinhos, um químico e o outro, mecânico.
“O mecânico é bem fácil de se ver. Encontramos espuma de isopor no intestino de animais – e isso pode ser letal”, diz. Já o aspecto químico tem a ver com a propriedade absorvente do material. “O isopor age como uma pequena esponja poluente,capturando todos os compostos que mais contaminam o oceano. E então um animal marinho engole isso, pensando ser uma água-viva.” Assim como com o plástico e outros tantos detritos jogados irrefletidamente, oceanos tornam-se mais poluídos, animais são contaminados e esses animais, se ingeridos pelo ser humano, prejudicam também a sua já precária saúde.
Quais as alternativas?
O McDonalds começou a deixar de usar embalagens de isopor nos anos 90 – e em 2013 abandonou totalmente o material, substituindo por alternativas feitas com papel.
Já o Dunkin’Donuts agora faz seus copos com um composto mais fácil de ser reciclado, o polipropileno – um tipo de plástico bastante usado para embalagens para levar comida para casa. No entanto, o produto é mais caro que o isopor.
BRASIL já recicla isopor
Resultante de uma parceria entre empresas de SC, PR e SP, o poliestireno, mais conhecido como isopor, é um plástico que já vem sendo 100% reaproveitado e utilizado em outros produtos. Há pouco mais de cinco meses a Meiwa (SP) e a Santa Luzia Molduras (empresa de Santa Catarina, responsável pela máquina), colocaram o projeto em funcionamento em Curitiba-Paraná, contando com o acompanhamento do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Paraná (Sinepe-PR) e o Instituto Pró-Cidadania de Curitiba (IPCC). A produção ocorre na usina de reciclagem de Campo Magro, na região metropolitana.
Atualmente, apenas 7% dos brasileiros sabem disso, segundo pesquisa realizada pela empresa de embalagens Meiwa, de São Paulo.
O isopor, que leva 80 anos para se decompor, pode e deve ser descartado com outros resíduos sólidos como papéis (3 a 6 meses para se decompor), vidros (5 mil anos), metais (tempos variados) e plásticos (450 anos).
Como funciona a máquina
A máquina recicla cerca de 300 toneladas por mês, quantidade que ajuda a salvar cerca de 5 mil árvores. “A matéria-prima substitui a madeira ao ser usada para fazer molduras para quadros, sancas, rodapés, réguas e brinquedos”, diz Ivam Michaltchuk, gerente de desenvolvimento e mercado da Meiwa. O material reciclado também é usado como insumo para concreto leve e solado plástico para calçados. Só não pode ser reaproveitado para embalar alimentos.
Dificuldade
Além de Curitiba e São Paulo, existem poucas cidades no país que reciclam o isopor. Michaltchuk explica que a maior dificuldade encontrada para reciclar este material está no transporte, devido a sua baixa densidade. “É um material leve, mas que ocupa muito espaço, por conter gás pentano em sua composição. A máquina recicladora que existe na usina serve justamente para retirar o gás e compactar estes resíduos.”
Segundo dados da Plastivida Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos, em 2008 foram produzidos no Brasil cerca de 82,9 mil toneladas de poliestireno, sendo que apenas 7 mil toneladas – 8,4% – foram reciclados.
Utilização
De matéria-prima a energia
Segundo informações da entidade socioambiental Plastivida, o isopor é uma marca comercial para dois tipos técnicos de produtos: o poliestireno expandido (EPS), usado para a fabricação de caixas de acondicionamento e embalagens protetoras, e o poliestireno extrusado (XPS), uma espuma mais rígida, usada para fazer bandejas e copos. A proprietária da marca isopor é da empresa Knauf.
O material pode ser reciclado de três formas. A reciclagem mecânica transforma o produto em matéria prima para a fabricação de novos produtos. A energética usa o poliestireno para a recuperação de energia, devido ao seu alto poder calorífico. Já a reciclagem química reutiliza o plástico para a fabricação de óleos e gases. O material também tem sido utilizado no isolamento térmico de edifícios. Ao ser queimado em usinas térmicas para a geração de energia, o poliestireno se transforma em gás carbônico e vapor d’água. Por isso, sua fabricação não apresenta nenhum risco à saúde humana, nem ao meio ambiente. O isopor não é solúvel em água, não contamina alimentos, não causa danos à camada de ozônio, pois não contém gás clorofluorcarbono, o CFC, e o seu processo de fabricação consome pouca energia. O perigo, como vimos anteriormente, reside quando ele chega ao mar e intoxica a fauna marinha, levando a muitas mortes.
Passo a passo
Entenda como ocorre o processo de reciclagem do poliestireno recolhido em Curitiba e na região metropolitana:
1- As embalagens são recolhidas pela coleta seletiva ou pelos catadores e encaminhadas à usina de reciclagem de Campo Magro.
2- O material passa pela máquina de reciclagem, o gás de sua composição é retirado e o isopor é compactado em fardos ou transformado em tarugos (com formato de um pão) para ser transportado para a cidade de Braço do Norte, em Santa Catarina, sede da Santa Luzia Molduras.
3- O material compactado passa por um segundo processo de reciclagem. O poliestireno é triturado, derretido, granulado e volta a ser matéria-prima para a fabricação de novos produtos.
Conscientização
Segundo o gerente da Meiwa, a destinação correta do poliestireno sempre foi uma preocupação da empresa e, por isso, ela se envolveu com diversos projetos educacionais, entre eles o Planeta Reciclável, desenvolvido pelo Sinepe-PR no ano passado, para conscientizar professores e estudantes do estado para questões ligadas ao meio ambiente e à sustentabilidade. “Queríamos trabalhar a importância da reciclagem nas escolas e este era um bom caminho. Neste ano, algumas escolas da cidade vão elaborar projetos nessa área. Planejamos também promover uma feira com produtos pedagógicos feitos de isopor reciclável”, conta o presidente do Sinepe-PR, Ademar Batista Pereira. Em Curitiba, cerca de 200 famílias já trabalham com a reciclagem de isopor na usina de Campo Magro. Eles vendem o material por quilo para a Santa Luzia, que faz a reciclagem.
Uma segunda máquina de reciclagem de isopor foi instalada no presídio de Piraquara, na região metropolitana. A iniciativa faz parte do Projeto Revima – Revalorizando Vidas e o Meio Ambiente. Por mês, os presos processam cerca de 4,5 toneladas de isopor, que vem da embalagem de suas refeições.Criando vergonha na cara
Resta agora conscientizar a população em geral para o descarte devido e sensibilizar empresários nos demais estados para que o negócio cresça e se expanda também a outros países.
Na verdade, o que precisamos é criar vergonha e parar de poluir tanto esta Terra que nos acolhe. Segundo a Ocean Conservancy, que se dedica a desenvolver políticas para os oceanos baseadas em investigações científicas, a continuar no ritmo atual, em 2025, o mar vai conter um quilo de plástico para cada três de pescado. Cidadãos e governos precisam de mobilizar, URGENTEMENTE, para frear esta avalanche de plástico que são despejados nos oceanos, bem como os governos e empresariado aumentar a infraestrutura para poder gerir os resíduos.
De qualquer maneira, o descarte, desde a origem (lares ou instituições), é a nascente de todo o processo.
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