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Água

Oceanógrafo propõe ações de curto prazo para melhorar águas da Baía de Guanabara

12 de agosto, 2015

O oceanógrafo David Zee, que acompanha desde 1994 o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, propôs ontem (10 de agosto de 2015) uma solução de curto prazo para melhorar as condições das águas da baía até as Olimpíadas de 2016. Ele foi um dos especialistas que participaram nesta segunda-feira da audiência pública promovida pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) para discutir o assunto.

Segundo ele, é preciso a concentração de esforços e dinheiro na finalização de unidades de Tratamento de Rios (UTRs) nos afluentes mais poluídos. “Já temos oito UTRs planejadas e algumas já estão até prontas, só falta iniciar a operação. E dá para construir em cinco meses. Essas pequenas estações são exequíveis, podem ser implementadas até Olimpíadas”, afirmou, admitindo que a solução é paliativa.

A vice-presidente da Comissão de Saneamento da Alerj, deputada Lucinha, afirmou que a solução para despoluir a Baía de Guanabara tem que passar pela implementação de um sistema de saneamento dos municípios da Baixada Fluminense, região cortadas por rios que integram a bacia hidrográfica da baía. “São 7 milhões e meio de pessoas em 15 municípios. Apenas 15% do esgoto são tratados, e esse lixo é jogado nos afluentes que desembocam na baía”.

Para a deputada, o dever de casa depende dos municípios em parceria com o governo federal no tratamento dos esgotos. Ela citou ainda a questão dos lixões como mais um fator de poluição. “Outro problema sério, é a falta de tratamento dos resíduos sólidos devido aos diversos lixões que ainda existem na Baixada”. Lucinha defendeu um termo de compromisso com cada um dos municípios para que tenham um centro de tratamento de resíduos.

Ao todo, 55 afluentes da Baía de Guanabara passam por 15 municípios. O coordenador das atividades do mamíferos aquáticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), José Lailson Brito, disse que das 60 tartarugas marinhas monitoradas pela Faculdade de Oceanografia da, 100% tinham pedaços de plástico na via digestória e afirmou que a falta de esperança dos moradores do entorno baía em relação à despoluição de suas águas.

“Fazemos trabalhos com comunidades e as pessoas estão descrentes. Vemos crianças de 5 anos e 6 anos que não acreditam que a limpeza da baía tem jeito. Esse é o pior legado”, comentou. “Temos que reverter essa situação, as pessoas têm que acreditar que é possível”. Lailson ao defendeu um observatório que reúna diferentes atores envolvidos no processo de limpeza da Baía de Guanabara.

Guido Gelli, técnico da Secretaria de Estado do Ambiente (SEA), cobrou mais transparência nas informações sobre as ações de cada município e empresas contratadas sobre a coleta de lixo na região. “As informações chegam truncadas para a população como um todo. Por exemplo, é muito difícil hoje saber se os municípios estão coletando o lixo e dando destino final adequado”. Para ele, é importante que exista um painel atualizado sobre o que está sendo feito.

O fundador do Movimento Baía Viva, biólogo Sérgio Ricardo, também falou sobre a importância da transparência dos órgãos públicos, inclusive a das ações de fiscalização da SEA, como das auditorias ambientais das empresas e o monitoramento da água e do ar. “A secretaria deve à população a publicidade dessas informações, que são essenciais para sabermos quais são os poluentes e as concentrações”, disse.

Desde a década de 1990,  a Baía de Guanabara recebe programas de despoluição descontínuos, que sofrem com a falta de investimentos.

Via EBC – http://agenciabrasil.ebc.com.br/

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