A cidade de Campinas, SP, se prepara para ser palco de um dos maiores e mais importantes eventos hídricos do país: O XIX Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas, XX Encontro de Perfuradores de Poços e Fenágua 2016, que acontecem simultaneamente de 20 a 23 de setembro na Expo D. Pedro.
Realizado pela ABAS – Associação Brasileira de Águas Subterrâneas, o evento terá, além de discussões técnicas e científicas e legais com os maiores especialistas brasileiros e estrangeiros sobre a utilização, extração e o uso da água subterrânea. A Exposição gratuita “De onde vem a água que você bebe” vai tratar o assunto de forma lúdica com estações interativas, painéis fotográficos e holográficos e outros recursos direcionados ao grande público.
“A importância dos três eventos acontecerem simultaneamente é extrapolar as discussões de âmbito acadêmico e mercadológico para incluir atrações e informações de interesse de toda a sociedade, diz Cláudio Pereira, presidente da ABAS. A crise hídrica de 2015 foi e ainda está sendo um grande aprendizado. Novas diretrizes e muitos debates a respeito de água se tornaram prioridade em toda sociedade. A exposição “De onde vem a água que você bebe” – terá um papel social e educativo fundamental nesse momento.
O Congresso da Abas de 2016 será marcado por inovações de todos os tipos, a começar pela estrutura pensada para dar mais liberdade e mobilidade para centenas de participantes. As palestras vão acontecer em um auditório aberto, montado em formato arena, onde, no palco central serão realizadas 4 palestras simultaneamente. Cada participante receberá um head fone (fone de tradução) pelo qual será possível conectar o áudio de qualquer uma das palestras, sem que o congressista precise se deslocar e sem que o áudio de uma interfira nas demais.
Serão quatro eixos temáticos principais: Gestão, Ciência, Mercado e Perfuração de poços. Todo conteúdo terá distribuição exclusivamente on line, eliminando as tradicionais impressões. Os crachás terão QR Code (código de barras para identificação que dá acesso instantâneo a todo o conteúdo e outras informações), além de um aplicativo criado especialmente para o evento.
A organização prevê 800 participantes e a apresentação de 200 trabalhos científicos, que a partir do tema central “Águas subterrâneas nosso melhor recurso” estarão discutindo conteúdos como Planejamento e gestão das águas, Reservas, recursos e potencialidade das águas subterrâneas, Contaminação das águas subterrâneas, Províncias hidrogeológicas, Águas subterrâneas em zonas costeiras, Ciclo hidrológico e balanço hídrico, Hidrogeologia em terrenos cristalinos, Aquífero Cárstico, Remediação de solos e águas subterrâneas, Locação, projeto e construção de poços, Reabilitação e manutenção de poços, Monitoramento das águas subterrâneas e vários outros. Uma exposição de equipamentos para perfuração de poços completará o cenário técnico.
Outro fator preponderante para a realização do congresso em Campinas foi o fato da Região Metropolitana de Campinas, assim como a de São Paulo, apresentar grande vulnerabilidade dos sistemas de armazenamento de água quando submetidos a alterações climáticas sazonais de impacto, como a grave estiagem que ocorreu em 2015. No ano passado, 17 cidades da região estiveram em estado de alerta para o desabastecimento e 47 em risco.
Em todo o planeta, as questões ambientais envolvendo as águas se multiplicam com o acréscimo de novas fontes de contaminação de solos, de águas subterrâneas e de novos cenários de aquíferos contaminados. Isso levou também ao aprimoramento do conhecimento hidrogeológico, com novos temas, o desenvolvimento de melhores técnicas de análise, a busca por boas práticas e procedimentos para a solução dos problemas.
Para o presidente da ABAS, apesar do Brasil ser conhecido por abrigar em todo seu território, expressivos mananciais hídricos subterrâneos, representados pelos aquíferos, e da grande capacidade para atender a demanda, é necessário fazer uso racional e consciente da água subterrânea. Os riscos da superexploração em alguns trechos são grandes, assim como da contaminação dos aquíferos e do desperdício.
“Por falta de cultura, sempre nos vimos como um país com água abundante, mas poucos estão preocupados com ela. As águas subterrâneas são importantes para a formação dos rios e grande parte do abastecimento no país. Se não houver planejamento e fiscalização, esse recurso também estará ameaçado com consequências terríveis”, alerta.
A disponibilidade hídrica no Brasil é, segundo a ABAS, de 350 mil m³ por pessoa. Em Israel, por exemplo, é de 30 mil m³ e não existe preocupação com falta de água, pois a gestão é eficiente. O sistema hídrico israelense depende integralmente de poços artesianos. No Brasil, apesar da grande quantidade de água, existe o risco de escassez pela falta de infraestrutura e de gestão adequada de recursos.
Há também a questão geográfica – a grande concentração de água não está necessariamente onde existe mais necessidade dela.
De acordo com estudos hidrológicos recentes, as águas subterrâneas possuem volume cem vezes maior do que as águas doces superficiais (presentes nos rios, lagos, córregos e etc.). Em algumas localidades, as águas subterrâneas afloram das rochas com temperaturas elevadas.
As águas subterrâneas podem, assim como as superficiais, enfrentar problemas relacionados à poluição decorrente, principalmente, da contaminação do solo por produtos químicos de origem agrícola (pesticidas), industrial (chumbo e outros metais pesados) e residencial (esgoto doméstico).
Os mais importantes aquíferos brasileiros são: Barreiras (costa nordeste e norte do Brasil); Solimões e Alter do Chão (Amazônia); Cabeças, Serra Grande e Poti-Piauí (estados do Piauí e Maranhão); Açu (no Rio Grande do Norte) e São Sebastião (na Bahia).
XIXI Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas / XX Encontro Nacional de Perfuradores de Poços / FENÁGUA 2016 – Feira Nacional da Água
Quando: 20 a 23 de setembro de 2016
Onde: Expo D. Pedro – Av. Guilherme Campos, 500 – Bloco II
Campinas – SP / (Anexo ao Parque D. Pedro Shopping)
Realização: ABAS – Associação Brasileira de Águas Subterrâneas
Via Dino
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