Vários estados e suas principais cidade vivem dias de racionamento e a crise agrava-se dia após dia.
A escassez da oferta de água no Brasil tornou-se mais grave a partir de 2014, quando a região sudeste foi a mais afetada.
Segundo a Política Nacional de Recursos Hídricos¹ a água é um bem de domínio público, mas nem por isso devemos trata-la com desprezo.
O crescimento demográfico e, consequente, o aumento do consumo; a diminuição do volume de chuvas (devido ao crescente desmatamento) e o desperdício são as principais causas da insuficiência deste bem tão precioso.
Para evitar a carência deste recurso não podemos só fazer a economia do seu consumo, precisamos fazer mais.
O uso consciente é primordial, mas eficiência e eficácia no trato não é simplesmente fechar as torneiras ou elaborar um PCA – Programa de Conservação de Água (que implica em elaborar ações para otimizar o consumo de água com a consequente redução do volume de efluentes gerados), devemos pensar em como usar e em também em como reutilizar.
Como a diversidade de uso é grande deve-se atentar para os parâmetros de análise da água para cada classe de reuso.
É importante o controle de alto teor de surfactantes, matéria orgânica, nitrato e fosforo, turbidez elevada e matéria fecal.
Uma pesquisa da Universidade de São Paulo² encontrou presença de coliformes fecais em 98% das amostras coletadas nos reservatórios de água de chuva, 91% das amostras tinham clostrídio sulfito redutor (causador de intoxicação alimentar), em 98% das amostras existia enterococos (causam diarreias agudas) e em 17% das amostras continham pseudômonas (provocam infecções urinárias).
O reuso da água é cada vez mais necessário, porém, para reutilização inteligente da água, não se pode fazê-lo de qualquer forma.
Deve-se respeitar alguns procedimentos definindo sua utilização quanto a classificação.
São 4 tipos de classes, algumas serão utilizadas na construção civil, outras para resfriamento em torres de ar condicionado, outras para bacias de vasos sanitários e lavagens de roupas, carros e pisos.
Um projeto bem elaborado para reuso de água deve conter:
Identificação da classe de reuso;
Identificação de qual tipo de água vai ser reutilizada;
Definição e dimensionamento da ETA a ser utilizada (processo e volume de tratamento);
Identificação e dimensionamento dos locais em que a água será reutilizada;
Dimensionamento da Reserva técnica;
Projeto de “as built”. (Projeto de como foram executadas as alterações).
Devemos lembrar também que todas as fontes alternativas de água devem ser tratadas de forma a respeitar suas características, estas fontes podem ser as águas cinzas (chuveiros, lavatórios, tanques e máquinas de lavar), águas pluviais (provenientes das chuvas), águas de drenagem de terrenos (água que aflora ou mina na escavação de terrenos para construção) e águas negras (esgoto proveniente de bacias sanitárias e cozinha).
Definir ações técnicas quanto ao uso da água (identificando falhas nas instalações hidráulicas), instalar dispositivos e equipamentos (que reduzem o consumo), elaborando campanhas educacionais (para economia da água), definir o tratamento adequado da água para reuso (utilizando as normas técnicas), incentivar e exigir a aplicação das normativas das concessionárias e agencias regulamentadoras são alguns exemplos de ações que irão colaborar, a médio e longo prazo, para melhoria do cenário hídrico nacional.
¹ Lei Nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, ART 1°, inciso I.
² MAY, SIMONE. Estudo da viabilidade do aproveitamento da água de chuva para consumo não potável em edificações. S. May. – São Paulo, 2004. 124 p.