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Transporte é responsável por dois terços das emissões de poluentes em Porto Alegre

25 de janeiro, 2016

Primeiro Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa da Capital mostra ainda que os resíduos sólidos são o segundo maior emissor de Gases de Efeito Estufa

Pelo menos dois terços das quase 3 milhões de toneladas de CO2 e (gases poluentes equivalentes a dióxido de carbono) emitidas no ar de Porto Alegre em 2013 foram provenientes do transporte. É o que mostra o primeiro Inventário de Emissões Gases de Efeito Estufa da Capital, elaborado pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam).

O documento, que deve servir como ferramenta para guiar ações futuras e promover estratégias de desenvolvimento menos poluidoras em diferentes setores da economia, indica ainda que os resíduos sólidos são o segundo maior emissor de Gases de Efeito Estufa (GEE), com 20%, seguidos da chamada energia estacionária (14%), que são as emissões indiretas provenientes do consumo — de energia ou combustíveis.

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Para o secretário municipal do Meio Ambiente, Mauro Moura, o resultado do estudo não surpreende:

— É um resultado esperado para uma área urbana. Somos uma cidade de comércio e serviços, e temos um grande problema de mobilidade. Tudo isso tem efeito sobre as emissões.

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Dentro do percentual emitido pelo transporte, quase 80% das emissões são provenientes do transporte terrestre — o restante vem da aviação. O combustível que mais emitiu GEE na Capital durante o período foi a gasolina comum — quase 1 milhão de toneladas —, seguida do diesel — com 480 mil toneladas — e do gás natural veicular — que produziu 66 mil toneladas de CO2e. 

Alternativas menos poluentes ainda carecem de estímulos

O caminho do transporte limpo não somente é longo como deve encontrar obstáculos no próprio modelo de planejamento urbano atual. Na avaliação do engenheiro agrônomo Leonardo Melgarejo, presidente da Associação Gaúcha de Protação ao Ambiente Natural (Agapan), a Capital ainda carece de iniciativas que desestimulem o uso do carro e aposta em empreendimentos que forçam o deslocamento das pessoas à região central da cidade em vez de apostar na descentralização das atividades.

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Professor da Faculdade de Engenharia e pesquisador do Instituto do Petróleo e dos Recursos Naturais (IPR) da PUCRS, Rodrigo Iglesias acredita que é difícil pensar em uma solução a curto prazo para o transporte poluente, já que mesmo as alternativas mais conhecidas ao modelo de propulsão atual, como os carros elétricos, demandam geração de energia — outro poluente. Por outro lado, pondera, se o transporte é o maior problema nos grandes centros urbanos, ele fica para trás no ranking geral de emissores, onde a proporção se inverte: dois terços dos GEE do planeta são emitidos por fontes estacionárias.

— A questão do transporte é mais particular dos centros urbanos, porque eles já não abrigam mais as indústrias e usinas de energia, que são os que mais poluem. Mas, mesmo com a melhora do transporte público, é preciso mudar a forma de propulsão dos veículos. E isso ainda é tímido, mesmo nos países desenvolvidos. Leva um tempo considerável — projeta.

Por: Bruna Vargas | ZH

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