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Na contramão da crise, empresa de roupas ecológicas cresce 35% ao ano

04 de dezembro, 2015

É possível montar um negócio que contribui para a preservação do meio ambiente e, ao mesmo tempo, traz retorno financeiro para os empreendedores? Uma pequena empresa da zona leste de São Paulo demonstra que sim. A Camiseta feita de PET usa garrafas PET e algodão reciclados para produzir as roupas, e mesmo em meio ao cenário de recessão econômica que o Brasil enfrenta atualmente, fechará o ano com crescimento de 35% em relação a 2014.

As sócias Silvia Prado e Vanda Ferreira fundaram a empresa em 2008, com um investimento de 16 mil reais, que veio da venda de um carro e da rescisão trabalhista de Vanda. As empreendedoras ainda precisaram abandonar suas áreas de atuação: Silvia era especialista em e-commerce e Vanda era biomédica. Não foi fácil aliar o trabalho em duas áreas tão distintas e também do mercado em que elas entrariam. “No começo, batemos cabeça, perdemos dinheiro, fomos bastante prejudicadas por falta de conhecimento técnico”, afirmou Silvia à Exame.com.

Além disso, havia uma dependência do fornecedor do material, o que deixava a produção mais cara. A partir de 2010, a Camiseta feita de PET passou a controlar todo o processo produtivo.

As empreendedoras acharam interessante começar uma empresa amiga do ambiente. Silvia conta que já conhecia camisetas feitas da mesma forma, mas que não eram comercializadas. “Tínhamos um produto universal aliado à questão ambiental. Concluímos que era algo que tinha condições de dar certo. E deu”, diz Silvia.

A partir de fevereiro de 2016, a empresa também vai vender calças jeans.

Melhor ano
Desde 2010, foram investidos 800 mil reais em novas estruturas, equipamento, consultoria e outras melhorias. O faturamento médio mensal está na casa dos 250 mil reais neste ano – um crescimento de 35% sobre 2014. “Este foi o nosso melhor ano de vendas, apesar da crise”, afirma Silvia. Após estudarem o produto e o processo industrial, as sócias agora dominam a produção e, até o final do ano, a empresa pagará esse investimento.

A média de produção mensal é de 15 mil peças. Além do site, os produtos são vendidos em 15 pontos oficiais, localizados em cidades como Belém (PA), Fortaleza (CE) e Recife (PE). O preço de uma camiseta está em torno de 35 reais.

Foi inaugurada também a primeira revenda internacional, em Buenos Aires, e no próximo ano será lançado, com a ajuda do Sebrae, o sistema de franquias da empresa. Até o fim de 2016, são previstas ao menos 50 franquias da Camiseta feita de PET, que pode, em breve, abranger mais do que roupas. “Estamos formando um novo grupo, com uma marca que vai oferecer um guarda-chuva de produtos”, diz Silvia.

Não é utopia
A empresa tem engajamento ambiental e social, mas sem deixar o lucro de lado. No ano passado, foram recolhidas dez toneladas de garrafas PET pelo projeto “Eu faço a diferença no mundo”, que organiza gincanas em escolas para recolhimento de matéria-prima. As camisetas têm durabilidade de aproximadamente 15 anos e levam apenas tinta à base d’agua, menos agressiva ao meio ambiente.

Do lado social, Silvia conta que a empresa já teve e tem funcionários que são ex-presidiários, transexuais e gays. Além disso, o comércio local é priorizado nas compras de produtos. Retalhos são doados para projetos sociais.

Consumo consciente
Isso mostra que é possível uma empresa ser social, ambiental e economicamente viável, de acordo com Silvia. “Se a empresa for séria, transparente e tiver todo o processo produtivo controlado, ela pode ter lucratividade sem agredir outras empresas ou o meio ambiente. Mostramos ao mercado que não é utopia vender uma camiseta de qualidade por um preço justo”, diz.

Os consumidores também compartilham dessa ideia. “Nosso público hoje é o consumidor mais ativista, ligado às causas ambientais, pessoas em que estão enraizadas as questões de ética e transparência. Queremos que o consumidor que usa nossa camiseta seja mais consciente e ajude a mudar o mundo.”

Eco Desenvolvimento

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